‘Acabei de voltar dos Estados Unidos e pude ver o vento de otimismo que sopra nesse país. Na França, é um pouco como tomar um banho frio’, afirmou Bernard Arnault
O governo da França convocou na quarta-feira, 29, o presidente do grupo de luxo LVMH, Bernard Arnault, para participar do saneamento das contas públicas, depois que o homem mais rico da Europa ameaçou ir embora para os Estados Unidos. “Eu entendo a raiva deles”, disse a porta-voz do governo, Sophie Primas, referindo-se a um aumento temporário no imposto corporativo. “Eu entendo que, na situação orçamentária em que nos encontramos, todos têm de se envolver no esforço”.
Arnault denunciou na última terça-feira, 28, o aumento de impostos para empresas, que o governo planeja em seu orçamento de 2025. Ele afirmou que esse “imposto sobre o ‘made in France’ (…) pressiona pela realocação”.
“Acabei de voltar dos Estados Unidos e pude ver o vento de otimismo que sopra nesse país. Na França, é um pouco como tomar um banho de água fria”, acrescentou o magnata, que foi um dos convidados da inauguração de Donald Trump como presidente dos EUA.
O empresário ressaltou que, nos Estados Unidos, “os impostos serão reduzidos em 15%”, e que a instalação de fábricas é subsidiada em vários estados. “E o presidente (Trump) incentiva isso”, disse.
Para reduzir os altos níveis de dívida pública e déficits, o governo francês planeja, além de uma forte redução nos gastos públicos, arrecadar cerca de € 8 bilhões com um aumento no imposto corporativo somente em 2025. Para empresas com faturamento superior a € 3 bilhões, como a LVMH, isso significará um aumento de cerca de 40% no imposto corporativo.
“As autoridades norte-americanas nos pediram fortemente que continuássemos criando” fábricas, disse Arnault — e, “na situação atual, é algo que estamos estudando seriamente”, afirmou o empresário durante a apresentação dos resultados de 2024 do seu grupo.
Após um ano turbulento, a LVMH anunciou na terça-feira uma queda de 17% em seu lucro líquido anual em 2024, para € 12,5 bilhões, e uma queda de 2% em seu faturamento, para € 84,7 bilhões.
A empresa, mais conhecida pelas bolsas Louis Vuitton, pela marca de moda Dior, pelo champanhe Moët & Chandon e pelas joias Tiffany, atribuiu a desaceleração, em parte, ao fim da recuperação pós-pandemia de covid-19. / AFP
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Por Estadão