O banco central americano, o Fed (Federal Reserve), elevou a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual nesta quarta-feira (27), para barrar a inflação mais intensa nos Estados Unidos desde a década de 1980. É o quarto aumento consecutivo desde março e o segundo de 0,75 ponto.
A medida afeta os investimentos e o câmbio no Brasil, porque tende a levar a uma saída de investidores de países emergentes.
“Os Estados Unidos são um mercado considerado mais seguro do mundo pelos investidores. Quando você tem um aumento da taxa básica de juros nos EUA, acontece uma migração de investidores de outros países emergentes no mundo, incluindo o Brasil, para aquele mercado”, afirma Hugo Garbe, professor do Mackenzie e economista-chefe da G11 Finance.
Investidores da Bolsa de Valores ou de renda fixa, por exemplo, deixam o mercado financeiro brasileiro e vão aplicar nos EUA.
Além do fluxo de capital que atrai mais investimentos aos EUA, o dólar fica mais forte e, consequentemente, o real, mais fraco. “Esse é o primeiro ponto que, normalmente, você acaba tendo um movimento de maior aversão a risco global e tende a ter um real mais depreciado”, afirma Claudia Moreno, economista do C6 Bank.
O real mais depreciado gera aumento da inflação no Brasil. Com isso, pode ser que o Banco Central tenha que subir mais a taxa básica de juros, a Selic.
O outro efeito é que, quando os bancos centrais do mundo inteiro sobem os juros, principalmente os Estados Unidos, a maior economia mundial, a tendência é ter uma desaceleração da atividade global. A queda da atividade global acaba desacelerando a economia brasileira, o que também afeta o consumidor no dia dia.
Nas últimas semanas, houve uma depreciação do câmbio, o que acaba influenciando a decisão do Banco Central, com a perspectiva de inflação. Nas próxima semana, o Copom (Comitê de Política Monetária) vai definir o novo patamar da taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic.
“Para a reunião do Copom na semana que vem, a gente espera que o Banco Central suba 0,50 ponto percentual a taxa básica de juros, que hoje está em 13,25%. E o aumento deve ocorrer também mais uma vez, na reunião de setembro e, depois, deve parar de subir”, avalia a economista.
No dia a dia do consumidor, o efeito do real mais depreciado pode fazer com que os bens importados fiquem mais caros, e isso se reflete também na inflação.
“A projeção é que o dólar continue a se fortalecer e o real, a se depreciar tanto neste ano como no ano que vem. A alta de preços vai melhorar, vai ter uma alívio com as desonerações, queda do valor dos combustíveis e da energial elétrica. Mas a passos lentos.”