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Trump não tem imunidade presidencial, decide tribunal de apelações dos EUA

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Veredito implica que ex-presidente americano pode ser processado por acusações de tentar anular a eleição de 2020

Um tribunal federal de apelações dos Estados Unidos rejeitou nesta terça-feira a alegação do ex-presidente Donald Trump de que ele era imune a acusações de conspiração para subverter os resultados da eleição de 2020, decidindo que o republicano deve ir a julgamento por um processo criminal que o acusa de tentar anular sua derrota para o presidente democrata Joe Biden.

A decisão unânime de um painel de três juízas do Tribunal de Apelações dos EUA para o Circuito do Distrito de Columbia deu a Trump uma derrota significativa, mas é improvável que seja a palavra final sobre suas alegações de imunidade presidencial, já que o republicano vai recorrer da decisão.

— Se a imunidade não for concedida a um presidente, todo futuro presidente que deixar o cargo será imediatamente processado pela partido de oposição — disse Steven Cheung, porta-voz de Trump, à AFP depois que o Tribunal de Apelações dos EUA para o Distrito de Columbia publicou sua decisão.

Ainda assim, a decisão de 57 páginas do painel sinalizou um momento importante na jurisprudência americana, respondendo a uma questão que nunca havia sido abordada por um tribunal de recursos: os ex-presidentes podem escapar de serem responsabilizados pelo sistema de Justiça criminal por coisas que fizeram enquanto estavam no cargo?

A pergunta é nova porque nenhum ex-presidente até Trump havia sido processado, portanto, nunca houve a oportunidade de um réu fazer — e os tribunais considerarem — a ampla alegação de imunidade presidencial que ele apresentou.

A parte central da tese legal da defesa de Trump é de que ex-presidentes estão protegidos contra processos legais se não há, primeiramente, um impeachment e condenação pelo Congresso. No entanto, o painel, composto por duas juízas indicadas por democratas e uma indicada por republicanos, afirmou em sua decisão que, apesar dos privilégios do cargo que ocupou, Trump estava sujeito à lei criminal federal como qualquer outro americano.

“Para os fins deste processo criminal, o ex-presidente Trump se tornou o cidadão Trump, com todas as defesas de qualquer outro réu criminal”, escreveu o painel. “Mas qualquer imunidade executiva que possa tê-lo protegido enquanto ele servia como presidente não o protege mais contra essa acusação.”

Um porta-voz de Jack Smith, o promotor especial que investiga Trump, não quis comentar a decisão.

A decisão do painel veio quase um mês depois de ouvir os argumentos sobre a questão da imunidade da equipe jurídica de Trump e dos promotores que trabalham para Smith. Embora a decisão tenha sido rápida para os padrões de uma apelação normal, o que acontecerá em seguida será indiscutivelmente mais importante para determinar quando ou se haverá um julgamento sobre as acusações de subversão eleitoral.

As três juízas limitaram a capacidade de Trump de usar outros recursos sobre a questão da imunidade para perder mais tempo e adiar o julgamento do caso — uma estratégia que o ex-presidente vem adotando desde o início do processo.

O ritmo e o resultado desse processo de apelação, que eventualmente deve chegar à Suprema Corte dos EUA, são centrais em definir quando — ou mesmo se — Trump será julgado a partir de março na ação judicial de interferência eleitoral, que corre na Corte do Distrito Federal em Washington. A apelação também pode acabar determinando o tempo de execução de outros três julgamentos criminais que serão enfrentados por Trump nos próximos meses. (Com AFP)

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