Israel prepara ataque contra programa nuclear do Irã para os próximos meses, dizem EUA – Blog Folha do Comercio
Home Conflito Israel prepara ataque contra programa nuclear do Irã para os próximos meses, dizem EUA

Israel prepara ataque contra programa nuclear do Irã para os próximos meses, dizem EUA

de admin

Relatórios da inteligência americana alertam que Tel-Aviv provavelmente realizará um ataque contra instalações nucleares de Fordow e Natanz nos primeiros seis meses deste ano

Israel está planejando atacar o programa nuclear do Irã nos próximos meses, em um ataque que atrasaria o programa de Teerã em semanas ou talvez meses, revelou o Washington Post nesta quinta-feira, 13. Caso confirmado, o ataque aumentaria as tensões no Oriente Médio e renovaria a perspectiva de uma conflagração regional mais ampla, de acordo com a inteligência dos EUA.

Os avisos sobre um potencial ataque aparecem em diversos relatórios da Inteligência americana entre o fim do governo Biden e o início do governo Trump, mas o mais abrangente é um do início de janeiro produzido pela diretoria de inteligência do Estado-Maior Conjunto e pela Agência de Inteligência de Defesa.

Segundo o documento, Israel provavelmente realizará um ataque contra instalações nucleares de Fordow e Natanz, no Irã, nos primeiros seis meses de 2025.

Líder supremo do irã Ayatollah Ali Khamenei com membros da força armada iraniana. Ele pediu em 7 de fevereiro que seu governo não negociasse com os EUA, dias após Trump pedir um 'acordo de paz nuclear verificado' com o Irã, acrescentando que 'não pode ter uma arma nuclear'.
Líder supremo do irã Ayatollah Ali Khamenei com membros da força armada iraniana. Ele pediu em 7 de fevereiro que seu governo não negociasse com os EUA, dias após Trump pedir um ‘acordo de paz nuclear verificado’ com o Irã, acrescentando que ‘não pode ter uma arma nuclear’. Foto: Site oficial do líder supremo do Irã/AFP

Autoridades dos EUA, de diferentes administrações, familiarizadas com a inteligência disseram ao Post, sob a condição de anonimato, que a descoberta deriva de uma análise do planejamento de Israel após seu bombardeio do Irã no final de outubro, que degradou suas defesas aéreas e deixou Teerã exposta a um ataque subsequente.

O relatório detalha duas possíveis opções de ataque, ambas envolvendo os Estados Unidos fornecendo suporte na forma de reabastecimento aéreo, bem como inteligência, vigilância e reconhecimento, disseram aqueles familiarizados com o documento.

Uma possibilidade seria um ataque à distância, com aeronaves israelenses disparando mísseis balísticos lançados do ar, ou ALBMs, fora do espaço aéreo iraniano.

Já um ataque stand-in mais arriscado teria jatos israelenses entrando no espaço aéreo iraniano, voando perto dos locais nucleares e lançando BLU-109s, um tipo de bunker buster. O governo Trump aprovou a venda de kits de orientação para esses bunker busters na semana passada e fez uma notificação ao Congresso sobre a aprovação.

A avaliação dos EUA descobriu que um ataque israelense às instalações nucleares do Irã atrasaria, na melhor das hipóteses, suas atividades por meses, e potencialmente apenas por semanas, disseram autoridades atuais e antigas. Qualquer ataque também incentivaria o Irã a buscar enriquecimento de urânio para armas, disseram as autoridades, uma linha vermelha de longa data para os Estados Unidos e Israel.

Irã e Israel realizaram ataques mútuos no ano passado em meio a tensões relacionadas à guerra de Israel em Gaza e ao apoio iraniano ao Hamas e ao Hezbollah.

Em abril, o Irã retaliou diretamente contra Israel pelos assassinatos de seus generais em Damasco, Síriacom um ataque de mais de 300 drones e mísseis no que, na época, marcou a escalada militar mais grave no Oriente Médio desde a Guerra do Golfo. O governo israelense e os Estados Unidos agiram conjuntamente para repelir o ataque.

Seis meses depois, em outubro, o Irã lançou 180 mísseis balísticos contra Israel, em um ataque em resposta à invasão terrestre de Israel no Líbano. A maioria foi interceptada pela defesa aérea. Em retaliação, no dia 26 de outubro, Israel lançou uma série de ataques aéreos contra o Irã.

O governo israelense, a CIA, a Agência de Inteligência de Defesa e o Gabinete do Diretor de Inteligência Nacional não atenderam a pedidos de comentários feitos pelo jornal americano.

Teste para Trump

A perspectiva de um ataque israelense cria um teste inicial para Trump, que fez campanha acabar com as guerras no Oriente Médio e a Europa, ao mesmo tempo em que prega apoio firme a Israel.

Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Brian Hughes, disse que Trump “deixou claro: ele não permitirá que o Irã obtenha uma arma nuclear”.

“Embora ele preferira negociar pacificamente uma resolução a longo prazo para os problemas americanos com o regime iraniano, ele não irá esperar indefinidamente se Irá está disposto a um acordo em breve”, disse Hughes ao Post.

Binyamin Netanyahu e Donald Trump na Casa Branca na semana passada.
Binyamin Netanyahu e Donald Trump na Casa Branca na semana passada. Foto: Alex Brandon/AP

A revelação coincide com um debate intenso dentro do governo Trump sobre a aplicação adequada do poder militar no Oriente Médio.

Em outubro, contrariando Biden, Trump, na época candidato à presidência, afirmou que Israel deveria atingir as instalações nucleares iranianas. “É o maior risco que temos, armas nucleares”, afirmou o magnata de 78 anos, dias após o ataque iraniano contra Israel.

No final de janeiro, Mike Waltz, escolhido para conselheiro de segurança nacional de Trump, levantou a possibilidade de um ataque israelense apoiado pelos EUA ao programa nuclear do Irã, dizendo à CBS News que “este é o momento de tomar essas decisões importantes, e faremos isso ao longo do próximo mês”.

Ainda não está claro se Trump aprovaria um ataque israelense ao Irã. No final do governo Biden, autoridades dos EUA não acreditavam que o Irã havia decidido buscar uma arma nuclear e não haviam dito a seus colegas israelenses se os Estados Unidos participariam de tal ofensiva.

Trump, no início desta semana, fez alusão a um crescente interesse de Israel em um ataque. “Todo mundo acha que Israel, com nossa ajuda ou nossa aprovação, vai entrar e bombardeá-los pra caramba. Eu preferiria que isso não acontecesse”, disse Trump à Fox News.

“Há duas maneiras de pará-los: com bombas ou um pedaço de papel escrito”, Trump acrescentou. “Eu adoraria fazer um acordo com eles sem bombardeá-los.”/Washington Post.

Por Estadão

Você pode interessar!