Cesta com 35 produtos, dos quais 70% são alimentos, está sendo vendida em janeiro por R$ 803,37, ante R$ 794,56 em dezembro, aponta levantamento da Associação Brasileira de Supermercados
A inflação de alimentos, produtos de higiene e limpeza não deve dar trégua em 2025. No primeiro mês deste ano, a cesta composta com 35 itens de largo consumo nos supermercados brasileiros subiu 1,1% em relação a dezembro, segundo levantamento divulgado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) nesta quinta-feira, 30.
Mais da metade dos 35 itens (70%) que compõem a cesta são alimentos de peso, como carnes, leite, café, arroz e feijão, por exemplo. Essa cesta está sendo vendida neste mês de janeiro nos supermercados por R$ 803,37, ante R$ 794,56 em dezembro de 2024.
“Esse número que trouxemos hoje aponta ainda para um crescimento de preços para os próximos meses”, afirma Marcio Milan, vice-presidente da Abras.
Ele lembra que a inflação nos supermercados resulta de uma combinação de alta do dólar, questões climáticas. Portanto, existem repasses de aumentos de custos para os preços que ainda serão feitos por conta das mudanças de tabelas sinalizadas no final do ano passado.
Já em relação a uma cesta reduzida, com 12 alimentos básicos (açúcar, arroz, café, carne de segunda, farinha de mandioca, farinha de trigo, feijão, leite, margarina, macarrão, óleo de soja e queijo muçarela) a variação foi menor no últimos mês. O custo desta cesta era de R$ 325,43 em dezembro de 2024 e subiu para R$ 327, 70 em janeiro, uma elevação de 0,71%.
No momento, a entidade negocia com o governo medidas para atenuar a inflação dos alimentos no bolso dos brasileiros. Segundo Milan, a medida que teria reflexo mais imediato nos preços é a de redução das taxas do voucher alimentação, proposta pela entidade. “O debate está bem estruturado, mas não será de hoje para amanhã (a decisão)”, diz Milan.
Consumo cresceu, apesar da inflação
A dinâmica de aumento de preços foi muito intensa no ano passado, mas, mesmo assim, houve um aumento dos volumes vendidos nos supermercados. Milan observa que os consumidores trocaram de marca e se ajustaram para continuar indo às compras. Os volumes vendidos nos supermercados brasileiros encerraram 2024 com alta de 3,72%, superando a projeção do setor, que era avançar 2,50%.
O aumento de custo da cesta reduzida de alimentos básicos ao longo de 2024 foi muito maior, comparado com o da cesta estendida. A cesta com 12 alimentos ficou 14,22% mais cara e encerrou o ano, sendo vendida por R$ 325,43 nos supermercados.
Milan atribui o desempenho favorável das vendas em 2024, mesmo com elevada inflação, ao aumento do emprego e da renda dos trabalhadores, além dos recursos injetados na economia, como o reajuste do salário mínimo, Bolsa Família, Auxílio-Gás, Precatórios e programas emergenciais do governo federal.
Para este ano, a projeção da Abras é de que o consumo das famílias cresça 2,70%, porém em ritmo menor comparado a anos anteriores. Milan aponta a inflação ainda alta, a elevação do dólar, da taxa básica de juros e dos combustíveis, além do arrefecimento esperado para o mercado de trabalho, como fatores de contenção das vendas nos supermercados.
Por Estadão