Pelo menos 60 pessoas já fizeram denúncias contra Karine Gouveia e Paulo Cesar Dias Gonçalves
(POR MAIS GOIÁS) A psicóloga Vânia Maria da Silva Ribeiro, de 45 anos, teve o rosto deformado em clínica de Goiânia é uma das 60 vítimas que denunciaram a clínica de estética de luxo comandada por Karine Gouveia e seu marido, Paulo Cesar Dias Gonçalves. O casal está preso há cerca de um mês, acusado de lesionar pacientes com procedimentos realizados de forma irregular. “Fiquei tão desesperada que furei minhas pálpebras dos dois lados e espremi até sair um pouco do produto”, disse em entrevista à Folha de São Paulo.
Segundo a Polícia Civil de Goiás (PCGO), as denúncias contra a clínica incluem pacientes de outros estados e até do exterior, atraídos pelas redes sociais e pelo marketing de influenciadores famosos, que recebiam tratamentos gratuitos ou eram pagos para divulgar os serviços. Entre os relatos, há queixas de deformidades, uso de substâncias inadequadas e ausência de suporte médico adequado.
Vânia contou que gastou R$ 18,1 mil entre 2019 e 2021 em aplicações de botox e preenchimento labial, acreditando que os procedimentos usavam ácido hialurônico. Posteriormente, descobriu que se tratava de óleo de silicone, material proibido. “Comecei a ter bolsas na pálpebra inferior, meu sorriso caiu. Pensei em cirurgia plástica, mas fui desaconselhada por causa dos riscos”, disse.
Além de Karine Gouveia e Paulo Cesar Dias, foram presos os responsáveis técnicos da clínica: o dentista Daniel Ferreira Lima e a biomédica Jessica Moreira dos Santos. Ambos foram liberados e cumprem medidas cautelares com tornozeleira eletrônica.
Daniel admitiu à polícia que realizou cirurgias em pacientes como parte de um teste exigido por Karine e que não tinha especialização para os procedimentos. Já Jessica revelou que, em casos de complicações, a política da clínica era oferecer novas cirurgias ou, em último caso, devolver o dinheiro.
Conforme as investigações, a clínica em Goiânia realizava cirurgias complexas, como rinoplastia, otoplastia, lipoaspirações e liftings faciais, sem exames preliminares, estrutura adequada ou equipe técnica especializada, contrariando normas de segurança médica.
Em nota, a defesa de Karine e Paulo Cesar classificou a prisão como “absolutamente ilegal” e afirmou que as acusações carecem de comprovação. Os advogados compararam o caso à Escola Base, citando execração pública sem julgamento.
Enquanto o caso segue em investigação, as vítimas, como Vânia, lidam com traumas e deformidades que, segundo elas, poderiam ter sido evitados. “Ainda não sei como vou me recuperar disso”, lamentou a psicóloga.
*Com informações da Folha de São Paulo