Se conseguir mais um troféu de Grand Slam, tenista se tornará o maior vencedor da história entre homens e mulheres de forma isolada
(POR AGÊNCIA O GLOBO) Aos 37 anos, o sérvio Novak Djokovic sabe que uma pergunta vai persegui-lo ao longo da temporada, a cada revés ou conquista: afinal, quando o maior campeão de todos os tempos vai se aposentar? Às 5h dessa segunda-feira (12), ele estreia no Australian Open em busca do 11º título do Grand Slam de Melbourne, o 25° da carreira, contra o jovem americano Nishesh Basavareddy (Disney+ e ESPN 2 exibem).
Após o adeus de Roger Federer, em 2022, e de Rafael Nadal, meses atrás, Djoko é o remanescente do chamado Big 3, que dominou o tênis nas últimas duas décadas. Ele admite que a última dança está próxima — e confessou que tem recebido pressão do pai para se retirar das quadras. Mas, enquanto puder alongar a música um pouco mais, ele vai fazer.
— Se eu ainda sinto que posso vencer os melhores jogadores do mundo em Grand Slams, por que eu iria querer parar agora? — argumentou o sérvio em entrevista publicada recentemente pela revista GQ.
O histórico de Federer e Nadal, mais velhos que o sérvio, aponta um caminho rumo à aposentadoria. Ambos decidiram encerrar as carreiras após duas temporadas sem título e com grandes dificuldades em manter uma sequência de vitórias e até mesmo terminar jogos. As lesões não os deixaram em paz, e as dores físicas se tornaram insuportáveis.
Recordes a caminho
Apesar de não ter vencido nenhum torneio da ATP na temporada passada, Djokovic conquistou a única competição importante que faltava em seu currículo: o ouro olímpico, em Paris-2024, com um tênis impecável diante do espanhol Carlos Alcaraz, representante da nova geração. O sérvio ainda tem a seu favor um histórico sem lesões importantes na carreira, diferentemente dos seus antigos rivais.
Entretanto, para poupar o físico, o número 7 do mundo avisou que concentrará esforços nos quatro Grand Slams e nos principais Masters 1000. Mas deve estar em quadra mais vezes que em 2024, quando disputou somente 12 torneios.
— O maior desafio do Djokovic, com 38 anos (completa em maio), é o físico. Como o físico dele vai aguentar. Sabemos que, aos 38, tudo fica mais difícil. Ainda mais em Grand Slam, que é melhor de cinco sets — pondera a ex-tenista Dadá Vieira, hoje comentarista da ESPN, acrescentando outras questões na hora da tomada de decisão. — Quem passa tantos anos no circuito tem essa dificuldade de parar de competir e aproveitar a vida de uma outra maneira. O Djokovic é esse tipo de competidor. Mas uma hora ele vai ter que parar.
O sérvio carrega consigo, após mais de 20 anos de carreira profissional, a fome de quebrar recordes. Ele está bem perto do maior deles. Se conseguir mais um troféu de Grand Slam, se tornará o maior vencedor da história entre homens e mulheres de forma isolada. Atualmente, ele está empatado com a australiana Margaret Court, que tem 24 títulos de simples em Slams, vencidos na era amadora.
Além da meta das 25 taças, Djoko está a uma conquista da marca de 100 títulos de torneios da ATP. Maior vencedor na Austrália, com 10 troféus, ele ainda pode ampliar seu recorde — Federer e o australiano Roy Emerson têm seis cada um.
— Ainda vejo esta temporada dele como uma grande incógnita. Vai depender muito do nível de motivação e da falta de ritmo por estar jogando pouco. E isso não é fácil mesmo para o Djokovic. Ele não entra nos torneios para fazer oitavas, quartas de final. A motivação é ganhar sempre — analisa o ex-tenista Bruno Soares, campeão na Austrália em 2016 nas duplas masculinas e nas duplas mistas.
Entre tantas perguntas, é desafiador prever a aposentadoria do sérvio. Mas, ainda que não saiba quando, ele já decidiu como vai parar. E pode ser algo semelhante à despedida de Federer, numa partida exibição ao lado do amigo Nadal. Os sinais, no entanto, serão rapidamente identificáveis por todos, segundo o próprio Djokovic.
— Se eu começar a perder mais e sentir que há uma diferença maior, que enfrento mais desafios para superar esses grandes obstáculos nos Grand Slams, então provavelmente vou pendurar a raquete — afirmou.
Os próximos meses indicarão o futuro do sérvio. Mas, para quem estraçalhou tantos recordes o tempo parece ser um tanto relativo, como aponta Dadá:
— Do Djokovic, a gente não pode duvidar de nada.
O brasileiro Thiago Wild estreia neste domingo em Melbourne, não antes das 22h10 (horário de Brasília), contra o húngaro Fabian Marozsan.
Por Mais Goiás