CRÍTICAS
Mabel minimizou situação e disse que consulta “capivara” de secretários antes da nomeação
Uugton Batista em sua apresentação como secretário de Cultura (Foto: Domingos Ketelbey)
24 horas após o empresário Uugton Batista ser anunciado para comandar a Secretaria de Cultura de Goiânia, a decisão do prefeito eleito Sandro Mabel (UB) foi alvo de contestações, uma vez que o nome do futuro titular da pasta está envolvido em inúmeras controvérsias e polêmicas. Empresário com forte ligação com o setor sertanejo e próximo ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Uugton tem enfrentado questionamentos sobre episódios de seu passado, inclusive acusações de violência doméstica, homicídio culposo no trânsito e uma agressão física contra o ex-jogador e ex-vereador Túlio Maravilha, de quem foi chefe de gabinete.
O histórico veio à tona logo em sua apresentação como secretário, mas foi acentuado na sessão da manhã desta terça-feira (24), na Câmara Municipal de Goiânia, quando o vereador Fabrício Rosa (PT), que é presidente da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente, foi à tribuna criticar a nomeação. Em discurso, Rosa classificou Uugton como um “lobista do sertanejo” e alertou que a diversidade cultural de Goiânia pode ser prejudicada sob sua gestão. “O sertanejo merece respeito, mas todas as expressões culturais da cidade também precisam de espaço e atenção”, afirmou.
Além disso, o vereador trouxe à tona o histórico de Uugton. “Esse mesmo Uugton, quando era chefe de gabinete do ex-jogador e ex-vereador Túlio Maravilha, foi às vias de fato com o então parlamentar”, declarou. A referência é ao episódio de 2010, quando Túlio Maravilha registrou boletim de ocorrência alegando ter sido agredido pelo então assessor durante uma discussão no gabinete da Câmara.
Durante coletiva de imprensa, Sandro Mabel defendeu a nomeação, afirmando que não há processos ativos contra o futuro secretário. “Antes de chamar o secretário, a gente puxa a capivara dele inteira. Nós não temos nenhum tipo de processo ativo, pelo menos que foi apresentado”, declarou.
Já Uugton rebateu as acusações e atribuiu algumas delas a uma disputa com sua ex-mulher. Ele negou ter cometido violência doméstica e destacou que os processos foram arquivados pelo Ministério Público e pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). “Minha ex-mulher fez essas acusações porque não aceitou o divórcio. Tudo foi arquivado. Nunca a agredi. Ela mesma depois admitiu isso”, afirmou.
Sobre o episódio de 2019, no qual atropelou três pessoas na BR-060, resultando na morte de duas delas, Uugton classificou o caso como um “infortúnio”. Segundo ele, a pista estava molhada e com óleo, e não havia sinalização adequada.
A nomeação gerou críticas não apenas no campo político, mas também entre setores culturais da cidade, que temem a predominância de uma gestão voltada apenas para o sertanejo, gênero com o qual Uugton mantém forte vínculo. Para o vereador Fabrício Rosa, a escolha representa um retrocesso. “Essa nomeação reforça a cultura da violência e a falta de compromisso com a diversidade cultural de Goiânia”, pontuou.