Economistas já não descartam o risco de crise mundial em 2025, com efeitos dramáticos para os mercados
Diante da recente escalada da guerra na Ucrânia, já há quem esteja olhando para 2025 e enxergando no risco geopolítico a maior ameaça de acontecer, mais uma vez, um “evento cisne negro”: algo imprevisível e de consequências dramáticas para os mercados globais e também para a economia mundial.
Quando falam da teoria do “cisne negro”, que ganhou notoriedade com o polêmico economista Nassim Taleb, muitos analistas citam o ataque às torres gêmeas, em 11 de setembro de 2001, e a pandemia de covid-19. Ou a implosão das hipotecas imobiliárias nos Estados Unidos, que deflagrou a grande crise financeira mundial de 2008.
Ao se olhar o desempenho das Bolsas de Valores americanas neste ano, o sentimento de muitos é de que os ativos de risco estão vulneráveis a uma forte correção. Um “evento cisne negro” amplificaria essa correção nos preços para uma crise financeira, contaminando os mercados globais num efeito dominó.
Os principais índices do mercado acionário americano estão sendo negociados próximos às suas máximas históricas de preços. O Nasdaq, com foco em ações de empresas de tecnologia, já tem um ganho acumulado de quase 27% neste ano. O S&P 500 registra alta ao redor de 25% em 2024. E o preço do bitcoin – o queridinho das criptomoedas – está bem próximo do patamar histórico de US$ 100 mil, acumulando ganho acima de 130% neste ano.
De fato, o cenário geopolítico mundial ficou mais incerto desde que a Rússia disparou seu novo míssil hipersônico contra o território ucraniano pela primeira vez. Embora tenha sido lançado na sua configuração não nuclear contra a Ucrânia, o presidente russo Vladimir Putin ordenou a produção em série desse míssil supersônico de alcance médio, que poderá carregar ogivas nucleares. A ofensiva foi em reação à permissão dos EUA para a Ucrânia usar armas americanas de longo alcance em território russo, mas também serviu como uma ameaça por parte de Putin.
Será mais um blefe de Putin? A dúvida é se, em vez de uma escalada nos próximos meses, a guerra na Ucrânia terá um fim rápido, “em um dia”, como prometeu Donald Trump, presidente eleito dos EUA. Mas a Rússia não é a única fonte de preocupação dos investidores. Trump também prometeu uma nova guerra comercial com a China, impondo tarifa de importação de 60% sobre os produtos chineses.
Se o conflito na Ucrânia ou a eventual guerra comercial com a China saírem de controle, deflagrando uma séria crise mundial, o risco é grande de um tombo não só nas Bolsas americanas, mas também em outros ativos, como os de países emergentes.
Por Estadão