Setor privado quer estruturar uma bancada de parlamentares ligados à pauta dos produtores rurais e do agronegócio de cada país, como a Frente Parlamentar
A força da bancada do agro no Congresso brasileiro para aprovar pautas de interesse do setor chamou a atenção de produtores de países vizinhos que querem “importar” o modelo. A ideia do setor privado na Argentina, Chile, Paraguai e do Uruguai é formar uma estrutura semelhante ao Instituto Pensar Agro (IPA) e estruturar uma bancada de parlamentares ligados aos produtores rurais e do agronegócio de cada país, como a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
Os países da América do Sul buscam copiar o formato de interlocução unificada do setor produtivo com o Parlamento. O IPA é formado por 59 entidades do agronegócio brasileiro e presta suporte e assessoria técnica à FPA, maior bancada do Congresso Nacional, com 340 parlamentares.
“É um passo dado na organização do setor produtivo e dos parlamentares sul-americanos para seguir o mesmo caminho. Temos uma peculiaridade entre os países da região que temos os mesmos destinos e também os mesmos embargos. Vamos nos unir pelas nossas pautas como países produtores e com eficiência no sistema de produção”, disse o presidente do IPA, Nilson Leitão.
Parte das lideranças envolvidas na discussão participou da 1ª Cúpula sul-americana Agro Global 2024, realizado pelo IPA, em Brasília, e conversou com a Coluna do Estadão/Broadcast Agro.
A Argentina já possui hoje cerca de 47 parlamentares identificados com a agenda setorial sob o Espaço Legislativo Intrapartidário de Diálogo do Agro, que tem um ano. A interlocução do setor privado e o suporte técnico aos parlamentares é feito pela Fundação Barbechando, que representa produtores rurais, indústria e instituições de pesquisa do País, conta a presidente Ángeles Naveyra.
“Neste ano, tivemos o primeiro projeto de lei encaminhado por parlamentar do agro. A intenção agora é formar uma agenda de pautas setoriais para avanço no Legislativo com quatro projetos prioritários para 2025″, diz Naveyra, citando leis de propriedade intelectual de sementes, de boas práticas agrícolas fitossanitárias, de seguro agrícola e de não intervenção do Executivo no mercado.
O Chile, por sua vez, busca unificar uma bancada ruralista. “Criamos o IPA por necessidade a partir de uma lei que tentava proibir importação de turva, produto que não há substituto, que passou na Câmara dos Deputados, sem estudos científicos”, relatou o representante do Instituto de Pensar do Agro do Chile, Cristian Muñoz.
O Paraguai e o Uruguai também desenvolvem tanto o instituto do setor quanto a bancada de parlamentares do agro. O próximo passo, segundo as lideranças, é a formação de um bloco de representação parlamentar agropecuária do Mercosul e formação de políticas públicas em conjunto.
“Estamos formando as bancadas do agro em cada um desses países para conseguirmos ter um posicionamento mais firme unindo os interesses comuns dos produtores da América do Sul. Se todos jogarmos em bloco, em vez de cada um jogar individualmente, cresceremos muito mais e teremos muito mais oportunidades”, afirmou Lupion. “Temos muitos desafios comuns”, acrescentou o presidente da União de Sindicatos de Produção do Paraguai (UGP), Héctor Cristaldo.
Por Estadão