O famoso jornal Daily News da Inglaterra destacou os advogados que tem uma vida de esbórnia e luxúria às custas da dor causada pelo desastre ambiental da barragem da Samarco, que liberou toneladas de material tóxico na natureza em novembro de 2015, atingindo 700km da Costa do Espírito Santo.
A Revista Carta Capital revelou situação idêntica envolvendo advogados do ES, como Richardeny Luíza Lemke Ott. A catástrofe ambiental da barragem da Samarco atingiu o Estado de Minas Gerais até os municípios da região do Rio Doce no ES, destruindo a fauna, a paisagem e a economia da região.
O maior desastre ambiental da história mundial mudou a vida de advogados antes desconhecidos. No Estado, há exemplos de advogados que antes levavam uma vida simplória e hoje expõe um súbito enriquecimento que alimenta hábitos luxuosos. Uma delas é a profissional citada acima: Richardeny Lemke, que era assessora comissionada (indicação política) na Prefeitura de Baixo Guandu e hoje ostenta vida de celebridade após capturar a pauta do desastre ambiental.
OSTENTAÇÃO
Ela não economiza na exposição: Richardeny expõe imóveis, alta gastronomia e viagens de alto padrão, como em deserto nos Emirados Árabes, Dubai e até nas famosas (e caríssimas) Ilhas Maldivas, para onde foi com marido e filhos.
Também faz uma intensa publicidade e lobby pessoal postando fotos com autoridades e frequentando eventos do poder.
Pessoas consultadas pelo jornal na cidade de Baixo Guandu, terra natal da advogada, afirmaram sob condição de anonimato que a reputação de Richardeny na região é de quem enriqueceu se valendo da dor e do caos ocasionado pelo desastre. O senso de oportunismo, segundo eles, deu a ela uma vida que não teria se não fosse a exploração financeira da catástrofe ambiental decorrente do rompimento da barragem.
Richardeny foi citada nominalmente pela revista Carta Capital e é alvo de investigações por conta de sua atuação agressiva, captando clientes que se auto intitulam pescadores para obter indenização da Samarco, via Fundação RENOVA, criada especificamente para identificar os lesados e efetuar esses pagamentos.
FRAUDE?
Essas pessoas preenchem formulários entregues por advogados, para afirmar que foram lesados com o desastre e assim pleiteiam indenização na justiça federal, pagas pela Fundação RENOVA da Samarco. A Revista Carta Capital afirmou ainda que Richardeny Lemke foi acusada de manter relação íntima com o juiz do processo coletivo que discute as indenizações.
Segundo a Carta Capital: “Um mandado de segurança impetrado pelo Ministério Público Federal e obtido com exclusividade por CartaCapital mostra indícios de estreita ligação entre o juiz Mário de Paula (hoje não mais à frente do processo) e uma das principais advogadas responsáveis por essas comissões”. E continua: “Em pouco tempo, Richardeny faturou, segundo levantamento feito por fontes ligadas à investigação, mais de 6 milhões de reais em honorários advocatícios. Suspeita-se que atingidos estejam sendo prejudicados nos acordos feitos por ela, recebendo indenizações inferiores ao que poderiam receber se optassem pela ação coletiva”. A revista nacional vai além, dizendo que “Além disso, há informações de que colegas de faculdade dela teriam chegado ao comando das comissões por intermédio dela. O documento do Ministério Público Federal ironiza: ‘Ou o Centro Universitário do Espírito Santo, em Colatina, é um fenômeno na formação de juristas inclinados ao processo coletivo, ou estamos presenciando uma trama orquestrada para capturar as comissões (…) e causar um prejuízo deliberado aos direitos dos atingidos’”.
OPERAÇÃO MP-ES
Recentemente, o Grupo de Repressão e Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Espírito Santo (GAECO do MP-ES) deflagrou a operação ABUTRES contra advogados e outros que fraudam essas situações para obter indenização da Fundação RENOVA da Samarco. As fraudes são grosseiras, de fácil constatação e ocorrem em conluio com advogados que inventam pessoas vítimas de prejuízos. O nome ABUTRES explica bem a essência da situação: são aves que se alimentam e sobrevivem da carniça de cadáveres, do sofrimento alheio.
É claro que o rompimento da barragem da Samarco foi criminoso, merecendo repulsa e repúdio pelo descaso empresarial que gerou o maior desastre ambiental da história. O compliance da multinacional (regras de integridade e governança) é uma piada e sua diretoria e outros responsáveis deveriam estar presos, inviabilizados como profissionais. Mas isso não justifica a atuação de advogados mercenários, mercadores da dor e do caos, que atuam para enriquecimento pessoal e expõe suas vidas de luxúrias nas redes sociais como fachada de um falso sucesso, sem ética e empatia. Salta aos olhos a completa falta de noção desses profissionais, que atuam como ABUTRES, como bem destacado na operação do GAECO do MP-ES.
USANDO A OAB
Há um mês, Richardeny Lemke, em mais uma jogada de marketing raso, atuou para criar a “Comissão de Grandes Desastres Ambientais da OAB”, se tornando Presidente. Já existe uma comissão de direito ambiental na OAB, então é desnecessário e redundante a criação dessa outra comissão a toque de caixa para Richardeny . A advogada, valendo-se dessa nova institucionalidade adquirida e da imagem da OAB, realizou pessoalmente uma audiência pública em nome da entidade, como Presidente da referida comissão, para debater o processo coletivo sobre o desastre da barragem, em que se discute indenização aos atingidos pela catástrofe. Isso revela um gravíssimo conflito de interesses, pois ela tem interesse financeiro como advogada no processo, revelando um uso indevido da OAB, por parte dela, em prol de seus interesses privados e de seus clientes. Qualquer advogado tem formação ética mínima e bom senso para perceber isso.
Na verdade, o jornal entende que foi uma jogada espertalhona de Richardeny Lemke para se apropriar da autoridade e imagem da OAB, visando com isso captar mais clientes, fazer seu lobby pessoal para abrir portas em instituições e perante autoridades em prol de seus interesses privados, além de intimidar as ameaças externas contra seu nome, como investigações do MP Estadual e do MP Federal. Imagine um advogado de presos na operação Lava Jato assumir a Presidência de uma comissão da OAB em que se discute abusos na Operação, fazendo audiências pessoais para apontar as ilegalidades em nome da entidade. Não há como separar as figuras, sendo escancarado o conflito de interesses. Ou é advogada privada em busca de honorários (dinheiro) ou é instituição em busca de justiça e interesse público.
FOLHA DO ES quer saber como está o andamento da operação Abutre. Seria de bom alvitre conhecer a movimentação financeira da advogada via Receita Federal e COAF após o desastre de Brumadinho (Samarco).
Vídeo Richardeny coordenando trabalhos em nome da OAB: