
O som que sai do teclado de Luan Levi, de seis anos, é mais do que música: é expressão, é descoberta e amor. Diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), o pequeno encontrou nas teclas um caminho para se comunicar com o mundo. Antes mesmo de ter um instrumento de verdade, ele já “tocava” em folhas de papel, desenhando o teclado e imaginando o som de cada nota.
A paixão de Luan pela música foi percebida de perto por quem mais o conhece: a avó, Edinalda Prado. Ela criou o neto desde bebê e fala com o coração quando se refere a ele.
“Hoje eu vivo pra ele. Tudo que faço é por ele. Ele me ensina todos os dias o que é amor de verdade”, conta.
Luan ganhou recentemente um teclado de verdade, um presente que virou símbolo de superação e afeto. Desde então, passa boa parte do tempo tocando, experimentando sons e melodias. O que impressiona é que ele aprendeu sozinho, apenas observando vídeos e repetindo o que via.
Transtorno do Espectro Autista
O talento de Luan não é uma exceção entre pessoas com autismo. Especialistas explicam que o Transtorno do Espectro Autista é uma condição de desenvolvimento neurológico que afeta a forma como o indivíduo se comunica, interage e percebe o mundo. Cada pessoa dentro do espectro é única: algumas têm dificuldades em certas áreas, enquanto outras apresentam habilidades extraordinárias, como memória, atenção a detalhes, raciocínio lógico ou talento artístico.
De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1 em cada 100 crianças no mundo está dentro do espectro autista. No Brasil, o número de diagnósticos cresce a cada ano, não porque a condição esteja se tornando mais comum, mas porque o reconhecimento e a conscientização têm aumentado.
A avó de Luan vive essa realidade com amor e entrega. Para ela, cuidar do neto é uma missão de vida.
“Ele me mostra todos os dias que não existe limite quando existe amor. Eu aprendo com ele o tempo todo. Ele me ensinou a ter paciência, a enxergar o mundo de outro jeito”, diz Edinalda.
O avô, Samuel, também se emociona ao falar do neto. Ele vê na pureza de Luan uma lição de humanidade.
“Se alguém não sabe amar, uma criança pura como essa ensina. É o amor mais puro que existe. A gente aprende todos os dias com ele”, afirma.
O desenvolvimento de Luan é acompanhado com orgulho por toda a família. As pequenas conquistas diárias, uma nova música, um sorriso, um gesto de carinho, são celebradas como vitórias.
“A gente acha que vai ensinar, mas na verdade é ele quem ensina a gente. Ele é meu orgulho”, completa a avó.
O som que ecoa da casa simples em Goiânia é o de um menino que aprendeu a transformar o silêncio em melodia e de uma família que descobriu, através do autismo, o amor em sua forma mais genuína.
Por Mais Goiás
