“Essa boneca era da minha filha”, relatou a mãe da criança para o delegado.

Novos elementos sobre a conduta de Rildo Soares de Souza, 33 anos, preso em Rio Verde (GO) e apontado como autor de cinco feminicídios, um latrocínio e outros crimes violentos, estão sendo levantados pela Polícia Civil. Durante as diligências, os investigadores descobriram que o acusado costumava ‘levar’ para casa bonecas dos locais onde trabalhava montando e desmontando móveis com um colega. Uma das bonecas foi reconhecida por uma mulher como pertencente à filha dela.
Segundo o delegado Adelson Candeo, titular do Grupo de Investigações de Homicídios (GIH), uma das bonecas foi retirada da residência de uma mulher enquanto Rildo e um colega de serviço prestavam atendimento. “Essa boneca aqui [apontando para boneca de cor marrom] era da minha filha”, relatou a moradora para Candeo.

As circunstâncias levantam suspeitas de que Rildo possa ter também um perfil de predador sexual. “Não sabemos exatamente, mas chegam muitas informações. A violência contra mulheres adultas, ele exercia de forma brutal. Ele matava porque temia ser reconhecido. Já no caso de crianças, há o risco de abuso, já que elas não têm condições de identificar ou relatar com clareza o agressor”, explicou o delegado.
Durante a audiência de custódia, no último dia 13, o acusado tentou justificar a presença das bonecas em sua casa alegando que cuidava de dois filhos. Ele chegou a pedir a soltura sob o argumento de que as crianças estariam sob os cuidados de uma vizinha. O Conselho Tutelar foi acionado para verificar a situação, mas, segundo o delegado Candeo, nenhuma criança residia com ele.
“De jeito nenhum. Não havia crianças morando na casa, nem perto dali. Essa é uma das maiores estranhezas do caso: tantas bonecas sem qualquer relação com filhos. Aliás, ele tem apenas uma filha, que não mora com ele”, ressaltou o investigador.
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A investigação também apura a relação de Rildo com um colega com quem trabalhava na montagem e desmontagem de móveis. Esse homem é funcionário de uma empresa terceirizada onde Rildo costumava circular e permanecer todos os dias, mesmo sem ser colaborador do local.
No dia em que o corpo de Elisângela da Silva Souza, 26 anos, foi encontrado, os dois prestaram um serviço juntos e chegaram a passar de moto próximo ao local do crime. Horas depois, ao perceber a movimentação policial, Rildo voltou a pé até a cena, acompanhou o trabalho da perícia e acabou reconhecido e preso.
O colega foi ouvido pela polícia e negou ter amizade próxima com o acusado, alegando apenas vínculo profissional. O investigador também analisou o celular dele e realizou buscas na residência.
O delegado Candeo segue analisando os objetos apreendidos e a possível ligação das bonecas com a dinâmica dos crimes. “É um detalhe que causa estranhamento e reforça a necessidade de entender o real perfil desse criminoso”. A investigação também avança sobre o desaparecimento de outras duas mulheres e na confirmação da bolsa reconhecida pela mãe de Ingrid Ferreira Barbosa Romagnoli, 38 anos desaparecida desde agosto deste ano.
Por Mais Goiás