Pela primeira vez em anos, o estado ultrapassou por sete semanas consecutivas o limite de incidência considerado aceitável para casos de Influenza

O Governo de Goiás decretou situação de emergência na saúde pública nesta segunda-feira (30/6) após registrar um aumento expressivo e fora do padrão dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em todo o estado. A medida, publicada no Diário Oficial, visa permitir respostas rápidas e coordenadas diante da sobrecarga enfrentada pela rede hospitalar, especialmente nos leitos de UTI e enfermarias.
Os números justificam a preocupação. Só nos seis primeiros meses de 2025, Goiás já registrou 6.743 casos de SRAG, número que corresponde a quase 90% dos registros de todo o ano de 2024, que somaram 7.477. Além disso, o número de solicitações de internação aumentou mais de 33% no comparativo entre os dois períodos: de 8.011 no primeiro semestre de 2024 para 10.676 em 2025.
A decisão também foi motivada pelo padrão epidemiológico atípico. Pela primeira vez em anos, o estado ultrapassou por sete semanas consecutivas o limite de incidência considerado aceitável para casos de Influenza, configurando um surto contínuo e sustentado, com pico entre o final de abril e o início de junho.
Cenário de múltiplos vírus e aumento de óbitos
A explosão de casos de Srag tem sido causada por diversos agentes virais, que circulam simultaneamente:
- 1.117 casos de Influenza,
- 1.486 de Vírus Sincicial Respiratório,
- 680 de Rinovírus,
- 306 de Covid-19.
Esse cenário pressiona hospitais e unidades de pronto atendimento, com aumento da taxa de ocupação de UTIs em diversas regiões. Além disso, a letalidade da doença tem sido mais severa em crianças pequenas e idosos.
Dos 6.743 casos registrados até agora:
- 2.654 foram em menores de dois anos,
- 1.414 em pessoas com mais de 60 anos.
Entre os 402 óbitos confirmados, 256 foram de idosos acima de 60 anos e 40 de crianças menores de dois anos.
Vacinação abaixo da meta agrava o quadro
A baixa adesão à vacinação contra a gripe é apontada pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) como um dos principais fatores para o agravamento da situação. A campanha de vacinação foi iniciada em abril, priorizando grupos de risco, e ampliada para toda a população a partir de 16 de maio. Ainda assim, a cobertura vacinal está em apenas 39% em Goiás, abaixo da média nacional, que também é considerada insuficiente (42,1%).
Com mais de 2,2 milhões de doses enviadas aos municípios, pouco mais de 1,5 milhão foram aplicadas. Em 2024, a cobertura entre os grupos prioritários foi de 48,74%.
Medidas emergenciais
Com o decreto de emergência, o governo poderá:
- abrir novos leitos hospitalares de forma imediata,
- contratar profissionais de forma emergencial,
- adquirir medicamentos e insumos com menos burocracia,
- realocar recursos federais para o enfrentamento da Srag.
Além disso, 24 municípios goianos já solicitaram ao Ministério da Saúde a conversão de leitos de UTI adulto para atendimento exclusivo de pacientes com Srag.
Desde maio, o estado também mantém em funcionamento a Sala de Situação de Doenças Respiratórias, grupo técnico que acompanha em tempo real os dados de ocupação hospitalar e evolução dos casos. A equipe realiza reuniões semanais para traçar estratégias e articular diferentes áreas da Saúde na resposta à crise.
Por Mais Goiás