Lideranças ouvidas pela Coluna do Estadão dizem que a petista tem acesso direto ao presidente Lula e, característica considerada a mais importante, capacidade de cumprir o que promete. Mas Gleise também gerou polêmicas
Gleisi Hoffmann completa nesta quinta-feira, 10, um mês como ministra da Secretaria de Relações Institucionais. Elogiada por líderes do Congresso, ela conseguiu, na avaliação de interlocutores, trocar a roupagem de presidente do PT – apesar de manter o perfil beligerante nas redes contra a oposição – pela de articuladora política, o que deu fôlego para a desgastada relação do governo Lula com o Legislativo.
Lideranças ouvidas pela Coluna do Estadão dizem que a petista demonstrou firmeza, acesso direto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, característica considerada a mais importante, capacidade de cumprir o que promete. “É o estilo do Centrão”, resumiu um integrante do grupo.
A ministra da SRI, segundo líderes partidários, participou ativamente da negociação que destravou a votação do Orçamento deste ano, tem recebido os parlamentares e adotado um tom direto nas conversas. Os deputados fazem uma comparação com o antecessor de Gleisi no cargo, Alexandre Padilha, agora ministro da Saúde. Dizem que ele era simpático, mas demorava para resolver os problemas, além de demonstrar menos acesso a Lula e ser constantemente desautorizado internamente pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa.
No primeiro mês como ministra, Gleisi também gerou saia justa para o Planalto, mas nada que afetasse diretamente a relação com o Congresso, segundo o Centrão. A principal delas foi a publicação de um vídeo no qual, ao divulgar o novo consignado para os trabalhadores do setor privado, sugeria : “Apertou o orçamento? O juro tá alto? Pega o empréstimo do Lula”, referindo-se ao programa Crédito do Trabalhador. Ela foi cobrada nas redes: “Cadê o princípio da impessoalidade”, indagavam os internautas. A ministra deletou a postagem. O partido Novo entrou com representação no Tribunal de Contas da União.
A petista também manteve a artilharia contra governadores da oposição, em publicações no X, mas deixou de criticar o Banco Central, agora sob o comando de Gabriel Galípolo, indicado por Lula.
Como mostrou a Coluna do Estadão, um dos trunfos de Gleisi no cargo é a relação construída com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). No ano passado, ela foi uma das principais defensoras do embarque do PT na campanha do deputado paraibano pela sucessão de Arthur Lira (PP-AL). A adesão dos petistas à campanha de Motta envolveu até uma promessa de vaga no Tribunal de Contas da União (TCU) para o partido.

Hugo Motta, presidente da Câmara, Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República, Gleisi Hoffmann, ministra da Secretaria de Relações Institucionais Foto: WILTON JUNIOR
Por Estadão