Funcionários saíam para beber e abandonavam idosos em clínica de Anápolis, diz delegado – Blog Folha do Comercio
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Funcionários saíam para beber e abandonavam idosos em clínica de Anápolis, diz delegado

de admin

O ambiente encontrado pela polícia era degradante

A polícia encontrou lugar sujo, com fezes, urina e comida estragada (Divulgação/Polícia Civil)

Uma clínica clandestina que abrigava idosos em condições precárias foi interditada pela Polícia Civil (PC) na manhã desta sexta-feira (21), em Joanápolis, distrito de Anápolis. O local foi alvo de uma operação da Delegacia do Idoso de Anápolis (Deai). Em entrevista ao portal Mais Goiás o delegado responsável pelo caso Manoel Vanderic, titular da Delegacia do Idoso, destacou a situação de abandono dos idosos resgatados e as práticas criminosas do responsável pelo local, que segue foragido.

Segundo o delegado, a operação teve início após uma idosa de 70 anos conseguir entrar em contato com seus familiares e relatar os maus-tratos sofridos. “A gente recebeu uma denúncia no final da quinta-feira da família de uma idosa que conseguiu acionar esses familiares e narrar o que estava acontecendo lá e pediu ajuda. Esses familiares foram e retiraram ela do local”, explicou.

Ao chegarem à clínica, os agentes encontraram 11 idosos em situação de extrema vulnerabilidade. “Eram 13 idosos que tinham lá, dois saíram e a gente resgatou 11 na sexta-feira de manhã”, afirmou o delegado.

Situação de abandono e maus-tratos

A clínica funcionava em uma propriedade rural alugada há três meses, cujo aluguel sequer havia sido pago. Os idosos eram mantidos sob os cuidados de dois ex-dependentes químicos, que haviam sido internos de uma outra clínica do mesmo proprietário. “Esses ex-internos saíam para beber, não voltavam, e os idosos que se cuidavam entre si”, relatou.

O ambiente encontrado pela polícia era degradante: “Encontramos o lugar sujo, com fezes, urina, comida estragada, pouca comida na geladeira, comida perdida de um dia para o outro que eles comiam guardada em baldes.” Os idosos estavam em estado de abandono, vestindo roupas inapropriadas, sujos e com sinais de possíveis doenças dermatológicas. “Eles tinham muita coceira. A gente não sabe se é sarna ainda ou se é alergia à medicação que era ministrada”, destacou o delegado.

Medicamentos psiquiátricos sem controle

Outro fator preocupante foi o uso indiscriminado de medicações pesadas sem qualquer acompanhamento médico. “Vimos que tinha muita medicação psiquiátrica e, ao questioná-los, descobrimos que essas medicações eram ministradas por quem não tem nenhuma formação, nenhum preparo, nenhuma experiência.”

Investigação e responsabilização

O dono da clínica segue foragido e possui histórico de crimes semelhantes. “Esse proprietário já foi preso em 2023 pelo mesmo crime, só que era uma clínica de dependentes químicos que foi fechada em Anápolis por maus-tratos e por fazer internação compulsória fora dos critérios legais.” Além dele, um outro funcionário, identificado como gerente financeiro da clínica, também foi indiciado. “Ele não ia lá. Esse proprietário era esse gerente que ia lá uma vez por semana só pra deixar alguns mantimentos. Então, eles ficavam à própria sorte.”

Os idosos pagavam entre R$ 800 e R$ 1.500 por mês para permanecer no local. No entanto, o serviço prestado era negligente e criminoso. “Eles não tinham acesso a tratamento psicológico, médico, enfermagem, nada. Eram só esses dois ‘cuidadores’ dependentes químicos.”

Os idosos resgatados foram encaminhados para abrigos municipais e parte deles já foi entregue a seus familiares. A investigação segue em andamento e a polícia continua em busca do responsável pela clínica. “Ele vai responder pelos crimes de maus-tratos, cárcere privado, apropriação de aposentadoria, retenção de documentação dos idosos e trabalho análogo ao de escravo.”, concluiu. 

Por Mais Goiás

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