Saldo negativo da empresa foi de R$ 3,2 bilhões, segundo dados do Banco Central; ministra da Gestão, Esther Dweck afirma que Correios vão deixar de ter foco apenas no serviço universal de cartas
BRASÍLIA – O presidente dos Correios, Fabiano Santos, disse nesta sexta-feira, 31, que há um plano de reestruturação da estatal em curso para torná-la lucrativa. “É uma empresa que estava sendo privatizada, na bacia das almas, o que traz efeitos”, afirmou após reunião no Palácio do Planalto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck.
Segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta sexta, os Correios registraram o maior déficit entre as estatais federais. Do saldo negativo total de R$ 8,07 bilhões entre as 20 estatais contabilizadas, R$ 3,2 bilhões foram dos Correios.
Fabiano disse que os resultados não são os finais, já que o balanço da empresa será divulgado em março, apontando que poderá haver alguma melhoria. Afirmou ainda que os números são pontuais, havendo reflexo de problemas herdados. “Há precatórios, frutos de gestões anteriores, contabilizados atualmente.”
Ainda que tenha dito que os Correios estão em “processo de franca recuperação”, destacou desafios para tornar as operações lucrativas. “A universalização dos serviços postais tem um custo e quem arca, no fim, é a empresa”, disse. Segundo ele, também há um custo elevado com funcionários e com o sucateamento da estrutura.
“Os Correios pagam um preço muito alto pelo sucateamento. Não houve investimento em tecnologia. Se os Correios tivessem se modernizado antes, talvez pudessem ter uma situação melhor”, afirmou.
Sobre as medidas de ajustes nas operações, citou revisão de contratos, relicitações e captura de novas receitas. “A empresa estava acostumada a atuar com os mesmos setores, hoje não é mais assim. Os Correios vão se consolidar cada vez mais como uma empresa de logística”, disse. “Estamos trabalhando juntos para que a empresa se recupere, seja lucrativa. O plano de recuperação está em andamento. Temos a missão de ser uma empresa sustentável.”
Trajetória ‘positiva’
A ministra Esther Dweck disse que os Correios, embora siga registrando déficit, estão em trajetória positiva. “A empresa está com ações em curso para ampliar operações, deixando de ter foco apenas no serviço universal de cartas”, afirmou. Segundo ela, Lula tem acompanhado as estatais de perto.
“O resultado de hoje é uma comparação entre despesas e receitas. Em março e abril, vamos ter os números”, disse. Ela destacou que os déficits não são, necessariamente, resultados negativos. “Não é um rombo. Das 11 empresas que ficaram com déficit, nove têm lucros. O déficit pode ser causado pelo aumento de investimentos”, afirmou. Ela disse que os Correios estão entre as estatais com planos de investimentos em curso para ampliar a atuação de mercado e se tornar lucrativa.
Dweck disse ainda que a eventual troca do presidente dos Correios, Fabiano Silva, não foi tema da reunião realizada entre os dois e o presidente Lula. O comando da empresa tem sido alvo da cobiça de forças políticas.
“Hoje o que a gente conversou com o presidente da República foi o Fabiano apresentar os resultados da empresa, fazer as explicações para o presidente dos resultados apresentados hoje, da expectativa para o resultado que será apresentado em março, e apresentar as propostas que ele está fazendo de reestruturação”, disse ela.
Por Estadão