Lula desafia Kassab ao ‘quem ri por último’ mas depende do Centrão para tentar sorrir em 2026 – Blog Folha do Comercio
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Lula desafia Kassab ao ‘quem ri por último’ mas depende do Centrão para tentar sorrir em 2026

de admin

Animosidade dos dois grandes líderes políticos ocorre em meio às negociações para uma reforma ministerial, mas também quando a popularidade de Lula e de seu governo afunda

presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tinha alternativa. Precisava responder o presidente do PSD, Gilberto Kassab, que não titubeou ao afirmar que o petista não venceria a eleição se fosse hoje e que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é fraco. Mas ao contestar as declarações, Lula apenas ratificou a fragilidade da atual gestão.

Se o governo Lula 3 e ele mesmo estivessem nadando em popularidade, o petista poderia apenas ignorar. E se Haddad estivesse forte, não precisaria de defesa pública. O chefe do Planalto, então, apostou na lógica do “quem ri por último ri melhor” e se agarrou ao calendário. “Percebi que a eleição é só daqui a dois anos e fiquei muito despreocupado”, ironizou.

Mas, num prazo curto, Lula terá de decidir a reforma ministerial para afagar o Centrão e tentar sorrir em 2026. Para aprovar projetos no Congresso, incluindo os que possam impactar a economia e melhorar sua aprovação junto ao eleitorado, o petista depende do apoio do amplo grupo de partidos que migram de um governo a outro com cargos ministeriais, independentemente da coloração partidária da gestão.

O PSD, por exemplo, compôs os governos Jair Bolsonaro, Michel Temer e Dilma Rousseff. Na gestão Lula tem cadeira cativa. Hoje ocupa três pastas na Esplanada: Agricultura, Minas e Energia, além da Pesca e Aquicultura. Esta última, entretanto, é considerada fraca, de pouca visibilidade. E a sigla espera mais.

A animosidade entre os dois líderes políticos – apontados como os maiores articuladores da esquerda e do centro no País – ocorre em meio às negociações da nova composição da Esplanada, num momento em que a rejeição do governo Lula já é maior que sua aprovação e, ainda, dias depois de Lula ter levantado dúvidas sobre sua candidatura à reeleição, condicionando-a a questões de saúde.

Gilberto Kassab e Luiz Inácio Lula da Silva
Gilberto Kassab e Luiz Inácio Lula da Silva Foto: Montagem/Werther Santana/Wilton Junior – Estadão

As declarações de Kassab não são aleatórias. O presidente do PSD reforça que embora esteja hoje no governo Lula, não está agarrado ao PT. Ao contrário disso, firmou os dois pés no projeto político do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP). A mensagem pode ser lida também como um alerta: corram para tentar ajustar rotas e “reconquistar” o PSD. Afinal, faltam quase dois anos até as eleições, e nisto Luiz Inácio Lula da Silva tem razão.

Por ora, como mostrou a Coluna do Estadão, governistas desconfiam do PSD e dizem que todo mundo já entendeu que ‘Kassab é Tarcísio’, em referência ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), um dos principais nomes da oposição e potencial presidenciável. Os mais fieis aliados de Lula também ressaltam, inclusive dentro do PT, que se o governo resgatar a aprovação popular o cenário dessa relação mudará rapidamente.

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Análise por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy é jornalista pós-graduada em Ciência Política e Economia. Há mais de 20 anos em Brasília, cobre as relações entre os poderes e os bastidores da política. Foi colunista política na CBN e Globo News, editora-chefe e âncora no SBT e SBT News. Pernambucana, torcedora do Náutico, mas também apaixonada pelo Palmeiras.

Por Estadão

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