Jato comercial se aproximava de aeroporto em Washington no momento do acidente; autoridades americanas afirmam que ninguém sobreviveu
As autoridades americanas investigam as possíveis causas da colisão entre um helicóptero do Exército e um jato comercial que se aproximava do Aeroporto Nacional Ronald Reagan, em Washington. Todas as 67 pessoas a bordo das aeronaves morreram no acidente.
Para Diego Cabral, especialista em segurança aérea do Grupo Med+, ainda é cedo para descartar possíveis falhas que tenham causado a colisão. “O que podemos afirmar até o momento é que, pelas circunstâncias, imagens de câmeras, radares e comunicação da torre de controle, o acidente era totalmente evitável”, afirma.
Entre as possíveis causas, ele menciona três problemas principais podem ter contribuído para a colisão: falhas na torre de controle, no radar ou no transponder do helicóptero. Além das questões técnicas, há a possibilidade de se tratar de um erro humano.
O especialista destaca a importância do funcionamento adequado do sistema Automatic Dependent Surveillance – Broadcast (ADS-B), que transmite a localização da aeronave para o controle de tráfego aéreo.
“Se o ADS-B do helicóptero não estava ativado, isso significa que outras aeronaves em rota de colisão não puderam receber seu sinal, comprometendo a prevenção de acidentes pelo sistema (anticolisão) TCAS”, explica Cabral. “Pode ter sido resultado de um erro humano, considerando que os pilotos estavam em treinamento”.
Da mesma forma, falhas no transponder, dispositivo que transmite dados para monitoramento da aeronave no controle de tráfego aéreo podem confundir o controlador e os pilotos.
“O transponder, palavra que combina ‘transmissor’ e ‘respondedor’, transmite dados como a velocidade, altitude, posição e identificação da aeronave”, explica. “Devido a proximidade das aeronaves, se o sistema do transponder estivesse corrompido ou apresentando dados duplicados, o controlador e os pilotos poderiam perder a consciência situacional dos voos”.
Outra questão que pode ser levantada é o funcionamento adequado dos radares e das comunicações entre a torre de controle e as aeronaves envolvidas no acidente. “Uma provável falha no radar pode ter impedido a detecção do Black Hawk. Além disso, a torre de controle tem um papel fundamental em orientar os pilotos sobre conflitos de rota”, afirma o especialista.
Quais são as pistas das prováveis causas?
As investigações sobre as possíveis causas ainda estão em andamento.
Poucos minutos antes do pouso, os controladores de tráfego aéreo perguntaram ao voo 5342 da American Airlines se poderia aterrissar em uma pista mais curta e os pilotos concordaram. Os controladores liberaram o jato para pouso e sites de rastreamento de voos mostraram a aeronave ajustando sua aproximação para a nova pista.
Menos de 30 segundos antes do acidente, um controlador de tráfego aéreo perguntou ao piloto do helicóptero se ele tinha o avião à vista. Momentos depois, o controlador fez outra chamada e orientou o helicóptero a passar atrás do avião. Não houve resposta. Segundos depois, as duas aeronaves colidiram.
O transponder de rádio do avião parou de transmitir cerca de 2.400 pés antes da pista, aproximadamente sobre o meio do rio Potomac.
De acordo com o secretário de Transportes dos EUA, Sean Duffy, tudo ocorria dentro do padrão no período que antecedeu o acidente. “Não houve nenhuma falha na comunicação entre o helicóptero militar, o avião e a torre de controle de tráfego aéreo”, disse ele. “O acidente era perfeitamente evitável”, afirmou.
Segundo Sean Duffy, as trajetórias de voo das duas aeronaves eram comuns para o que acontece no espaço aéreo da capital americana. Ele também disse que o céu estava limpo na hora da colisão.
Por Estadão