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ONU nomeia general brasileiro para comandar força de combate em meio aos conflitos no Congo

de admin

General Ulisses vai comandar cerca de 12 mil soldados da Monusco, a força da Nações Unidas que está sob ataque dos rebeldes do M-23 apoiados po soldados de Ruanda; embaixada brasileira foi atacada em Kinshasa

O general de divisão Ulisses Mesquita Gomes foi nomeado no fim da tarde desta terça-feira, dia 28, o comandante da Monusco, a força de estabilização da República Democrática do Congo (RDC), que atua ao lado do exército daquele país contra os rebeldes do grupo insurgente M-23, apoiado por Ruanda. Há relatos de combates intensos no Leste do país.

O anúncio da nomeação de general Ulisses, que atuava no Comando Logístico do Exército, aconteceu em meio à crise desencadeada pela ofensiva dos guerrilheiros do M-23 no leste do país, atingindo a cidade de Goma, a capital do Kivu do Norte, estado da RDC vizinho à Ruanda. O grupo M-23 é formado por integrantes da minoria Tutsi.

Milhares de habitantes do Kivu do Norte deixaram a região, enquanto protestos em razão do que os congoleses chamam de inação das potências estrangeiras diante da suposta agressão patrocinada por Ruanda estouraram nesta quinta-feira em Kinshasa, capital da RDC. Embaixadas de países como a França, a Bélgica, os Estados Unidos e a do Brasil foram atacadas por manifestantes.

A Monusco tem cerca de 12 mil militares, a maioria africanos. Durante a ofensiva do M-23, os capacetes azuis da ONU sofreram 13 baixas. Ao todo, 22 militares brasileiros estão na força das Nações Unidas, cinco dos quais permanecem em Goma, pois ocupam funções no Estado-Maior da brigada. Outra parte dos brasileiros está agregada ao batalhão uruguaio, uma das unidades da Monusco, que tem autorização para usar a força.

Um funcionário das Nações Unidas (ONU) observa enquanto funcionários não essenciais da Missão de Estabilização da Organização das Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUSCO) e suas famílias fazem fila na frente dos ônibus.
Um funcionário das Nações Unidas (ONU) observa enquanto funcionários não essenciais da Missão de Estabilização da Organização das Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUSCO) e suas famílias fazem fila na frente dos ônibus. Foto: Vivien Latour/AFP

De acordo com o Exército brasileiro, outros dez militares estão na cidade de Beni, ao norte do país. “A situação nessa localidade permanece dentro da normalidade, sem alterações significativas na segurança”, informou o Exército. De acordo com o Exército, a situação em Goma se agravou nos últimos dias. O M_23 conseguiu entrar em parte da cidade com tanques T-54 e o apoio de soldados de Ruanda, capturando soldados da RDC.

Ainda segundo o Exército, “o grupo armado M-23 intensificou suas ofensivas, atacando localidades estratégicas como Masisi e Minova”. “Combates violentos estão ocorrendo nas proximidades de Sake, a cerca de 23 quilômetros de Goma, resultando em uma crise humanitária e no deslocamento de milhares de civis”, informou o Exército brasileiro.

O relato do Exército prossegue, afirmando que “as forças congolesas, juntamente com a SAMIDR (Missão da Comunidade de desenvolvimento da África Austral na República Democrática do Congo) e a MONUSCO, adotaram posições defensivas ao redor de Goma, com tropas congolesas e africanas na linha de frente, enquanto as forças da ONU ocupam a segunda linha defensiva”.

Até 2024, a Monusco era chefiada por outro general brasileiro: Otávio Rodrigues de Miranda Filho. Em novembro de 2023, ele dirigiu a Operação Springbok para deter os rebeldes no leste da RDC. Miranda Filho deixou o comando sem que um substituto fosse nomeado como force commander.

Escolhido para substituí-lo no fim do ano passado, o general Ulisses aguardava a sua aprovação pelo Conselho de Segurança da ONU quando a crise estourou – ela dependia do voto da Rússia. Enquanto isso, a força estava sendo comandada interinamente pelo general Khar Diouf, do Senegal.

A previsão é que Ulisses chegue à RDC na próxima semana para assumir a Monusco. No Brasil, o general chefiou a 7ª Brigada de Infantaria. Também esteve na Minutah, a força de paz da ONU para o Haiti, da qual o Brasil fez parte entre 2004 e 2017. Ele trabalhou ainda no Departamento de Operações de Paz da ONU entre 2017 e 2019. O primeiro brasileiro a chefiar a Monusco foi Carlos Alberto Santos Cruz entre 2013 e 2015.

Por Estadão

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