85% dos entrevistados responderam que não querem se separar da Dinamarca e se juntar aos EUA; anexação é desejo do presidente Donald Trump
A grande maioria da população da Groenlândia recusa ser parte dos Estados Unidos, segundo uma pesquisa publicada nesta quarta-feira, 29, na Dinamarca, em meio às intenções do presidente americano Donald Trump de anexar a ilha do Ártico.
Quase 85% dos groenlandeses entrevistados responderam “não” à pergunta se queriam se separar da Dinamarca e se juntar aos Estados Unidos, segundo a pesquisa realizada pela consultoria Verian para o jornal dinamarquês Berlingske e o periódico Sermitsiaq da Groenlândia. Apenas 6% disseram ser a favor e 9% estavam indecisos.
“Esta é a primeira pesquisa que pergunta a um segmento representativo da população da Groenlândia e acho que é muito importante”, disse Kasper Moller Hansen, professor de ciência política na Universidade de Copenhague. “Eles não querem ser americanos, acho que a pesquisa mostra isso muito claramente”, acrescentou.
Há uma preocupação crescente na Dinamarca sobre as intenções de Trump, que diz ter certeza de que os EUA irão possuir o território de 57 mil habitantes, hoje pertencente à Dinamarca. A Dinamarca afirma que aceita realizar acordos com os EUA para expandir a presença dos americanos na ilha, mas se recusa a entregar a soberania.
Há um movimento pró-independência na Groenlândia e essa questão estará no centro da campanha para as eleições locais, que serão realizadas até 6 de abril.
Neste contexto, 45% dos groenlandeses entrevistados percebem o interesse de Trump na ilha como “ameaça”, 43% o veem como “oportunidade” e 13% estão indecisos.
A pesquisa foi realizada de 22 a 26 de janeiro entre 497 groenlandeses acima de 18 anos e tem uma margem de erro entre 1,9% e 4,4%.
Entenda
Desde a vitória nas eleições americanas, Donald Trump externa o desejo de possuir a Groenlândia como parte do território americano. “Precisamos da Groenlândia para fins de segurança nacional”, disse ele no início do ano, antes de tomar posse Ele ameaçou impor tarifas à Dinamarca se não o país não cedesse à pressão.
No mesmo dia, Trump disse na rede social Truth Social que a potencial aquisição americana do território do Ártico “é um acordo que deve acontecer” e postou fotos de seu filho mais velho, Donald Trump Jr, na Groenlândia.
O interesse do americano está ligado ao acesso a recursos cruciais para a economia americana, como petróleo e minerais como cobre, lítio, níquel e cobalto. Além disso, o derretimento do gelo no Ártico também abre novas rotas de navegação mais curtas e eficientes, importantes para fins geopolíticos. /Com AFP
Por Estadão