Cena ocorreu em Porto Alegre, no Bloco da Laje. Universidade jesuíta afirma que autora da gravação não faz parte do quadro de profissionais da instituição e repudiou ataques recebidos; organização do bloco não foi localizada
Um vídeo gravado durante o bloco de pré-carnaval Bloco da Laje, em Porto Alegre, tem motivado polêmica e protestos nas redes sociais. Nas imagens, um homem fantasiado de Jesus Cristo sobe em uma árvore, com uma coroa de espinhos colorida, e tira toda a roupa até ficar só com uma tanga. A performance, realizada nesse domingo, 26, foi feita sob olhares de outros foliões, que cantam versos como: “Vamos tirar, vamos tirar, vamos tirar Jesus da cruz”, e ‘Eu ‘tô’ pregadão!”.
As imagens foram supostamente gravadas e postadas por uma ex-docente da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), do Rio Grande do Sul, mantida por uma associação jesuíta. Mas a instituição de ensino, em nota destacou que o vídeo foi feito por uma pessoa que não faz parte de seu quadro de funcionários (leia mais abaixo).
Já a organização do bloco foi procurada pela reportagem, mas não houve retorno. O homem que aparece fantasiado na gravação não foi identificado.

A instituição passou a ser criticada nas redes sociais, sob o argumento de desrespeito por parte da autora do vídeo com a religião cristã e por acreditarem que ela pertencia ao quadro de funcionários da universidade. Vários internautas pediram a punição e demissão da profissional.
O vereador Ezequiel Vargas Rodrigues (PL-RS), da cidade de Canoas, publicou o vídeo nas redes sociais e chamou a coreografia de “ataque ao cristianismo”.
Em nota divulgada nesta segunda-feira, 27, a Unisinos explicou a que docente, que não teve nome divulgado, não é mais é funcionária da universidade.
“Atenta às manifestações nas redes sociais que atribuem a publicação de um vídeo como de autoria de uma professora da Unisinos, a Universidade vem a público informar que a postagem foi realizada por uma pessoa que não faz parte do seu quadro de docentes”, afirmou a instituição, que criticou os comentários das postagens e chamou de “crime” o compartilhamento de informações falsas.
“A Unisinos repudia veementemente o uso indevido das redes sociais para publicações sem apuração, com o único objetivo de prejudicar uma instituição que tem mais de 50 anos de história”, acrescenta.
A Unisinos é mantida pela Associação Antônio Vieira (Asav), instituição filantrópica de direito privado sem fins lucrativos, orientada pelos preceitos Jesuítas e que tem por objetivo ser mantenedora de entidades de assistência social e instituições de ensino.
“Sendo Jesuíta, a Unisinos tem como uma de suas finalidades a assistência social à difusão da fé e ética cristãs preconizadas pelas diretrizes da Companhia de Jesus” diz a entidade. “A Universidade se manifesta contrária a qualquer forma de exposição que se configure como intolerância religiosa e reafirma sua dedicação a princípios que norteiam sua missão: fé, justiça e serviço à sociedade”, acrescentou a universidade.
O Bloco da Laje se apresenta como um coletivo formado por artistas de Porto Alegre com o intuito de promover encontros públicos de pré-carnaval na cidade, cultuando as celebrações populares “dionisíacas”, “libertadoras” e “democráticas”.
Por Estadão