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Opinião | Reduzir preços da comida exige estoques reguladores e fim do desperdício

de admin

Bru-nO/Pixabay
Bru-nO/Pixabay 

A resposta à pergunta “como reduzir os preços dos alimentos” pode até valer a reeleição do presidente da República. Mas não há fórmula mágica para solucionar esse problema. Afinal, os preços dos alimentos são afetados por chuvas em excesso ou secas, granizo, vendavais, cotações internacionais de commodities (soja, carne, açúcar, por exemplo) e diminuição da área plantada por insatisfação dos agricultores com os preços x custos de produção.

A solução mais rápida e eficaz são boas safras, que aumentam a oferta desses produtos. Em médio e longo prazos, os estoques reguladores contêm preços e até os fazem cair, sempre que os itens estocados são colocados à venda.Lamentavelmente, essa prática de comprar e de estocar alimentos quando os preços estão mais baixos, e colocá-los no mercado quando os preços sobem, foi praticamente abandonada no Brasil.

Durante o governo de Jair Bolsonaro, os estoques reguladores foram extintos. O ideal é que os estoques sejam abastecidos com produção nacional, sem recorrer a importações. E que não haja exagero na liberação de alimentos estocados, para não prejudicar a agricultura local e regional.Estimular a agricultura familiar, hortas comunitárias e outras formas associativas de produção de alimentos é outra boa prática, que contribui para o equilíbrio de preços.

Além disso, é importante ter um política eficiente de armazenamento de grãos, logística de transportes multimodais (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos), e o combate a atravessadores que inflam artificialmente os preços, prejudicando consumidores e produtores.Outra forma de reduzir preços da comida é desenvolver uma cultura de aproveitamento total dos alimentos, contra o desperdício que ainda predomina no país.

Segundo o Índice de Desperdício de Alimentos 2024, publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente em março do ano passado, 780 milhões de pessoas passavam fome no mundo, enquanto um bilhão de refeições eram desperdiçadas diariamente.

Conforme estudo da Organização das Nações Unidas (ONU), citado na cartilha do Pacto Contra a Fome, 40% de todo o resíduo doméstico mundial é composto por alimentos comestíveis.

Ou seja, não jogar fora comida boa para o consumo, e partes de comestíveis legumes, frutas e vegetais (raízes, folhas, sementes, cascas e talos), além de combater os preços elevados e a fome, contribui para o meio ambiente, reduzindo os lixões e evitando que mais água, energia e defensivos agrícolas sejam utilizados na agricultura.

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Opinião por Cláudio Considera

É ex-presidente do conselho da Proteste Associação de Consumidores e professor de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF). Foi titular da Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE), chefe de Contas Nacionais do IBGE e diretor de Pesquisa do Ipea.

Por Estadão

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