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Israel autoriza retorno de palestinos ao norte de Gaza após fim de impasse com Hamas

de admin

Abertura das fronteiras de Israel para a passagem dos palestinos foi adiada em dois dias; segundo o país, o grupo terrorista mudou a ordem dos reféns que libertou em troca de centenas de prisioneiros palestinos

Milhares de palestinos começaram a retornar às suas casas localizadas ao norte da Faixa de Gaza na manhã desta segunda-feira, 27, após autorização do governo de Israel. Eles regressam à região após mais de 15 meses vivendo em abrigos provisórios em escolas e acampamentos em tendas.

A abertura das fronteiras de Israel para a passagem dos palestinos foi adiada em dois dias devido a uma disputa entre o grupo terrorista Hamas e Israel, que afirmou que o grupo havia mudado a ordem dos reféns que libertou em troca de centenas de prisioneiros palestinos.

Mediadores em contato em Doha, no Catar, resolveram a disputa durante a noite do domingo, 26 após reuniões com membros do governo de Israel e do Hamas.

Palestinos retornam para suas casas na parte norte da Faixa de Gaza dias após o acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas entrar em vigor.
Palestinos retornam para suas casas na parte norte da Faixa de Gaza dias após o acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas entrar em vigor. Foto: Jehad Alshrafi/AP

Ismail Abu Mattar, pai de quatro filhos, descreveu “um mar de pessoas” indo para o norte. Ele disse que ele e sua família esperaram a resolução do impasse durante três dias para retornar para sua casa em Gaza. “Foram dias de inferno”, ele disse. “Estávamos preocupados que a trégua entraria em colapso e não retornaríamos.”

Imagens mostram diversos habitantes de Gaza, homens, mulheres e crianças, caminhando, carregados de malas ou empurrando carroças, pela estrada costeira para o norte do território palestino.

Também se formaram longas filas de veículos em Nuseirat, em virtude da previsão da abertura da passagem para os automóveis, o que deve acelerar ainda mais esse enorme movimento de retorno.

Palestinos retornam para o norte de Gaza após 15 meses de guerra
Palestinos retornam para o norte de Gaza após 15 meses de guerra Foto: Abed Hajjar/AP

“Após intensas e determinadas negociações (…), Israel recebeu do Hamas uma lista com a situação de todos os reféns” vivos ou mortos que podem ser liberados na primeira fase do acordo, indicou o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em um comunicado.

O movimento islamista palestino também se comprometeu a libertar três reféns na sexta-feira, incluindo Arbel Yehud, uma civil, que segundo Israel deveria ter sido libertada na última troca, e outros três no sábado.

Isso, acrescentou, permitiu que os palestinos conseguissem retornar às suas casas no norte de Gaza a partir da manhã desta segunda-feira.

“É uma sensação incrível voltar para casa, se é que ainda há uma, com sua família, teus entes queridos”, disse o palestino Ibrahim Abu Hassera, entre a multidão.

Famílias palestinas carregam seus pertences em meio à destruição em Gaza
Famílias palestinas carregam seus pertences em meio à destruição em Gaza Foto: Abed Hajjar/AP

Sentimento de vitória

“Retorno dos deslocados é uma vitória contra os planos de ocupação de Gaza e o deslocamento forçado dos palestinos”, declarou o Hamas nesta segunda-feira.

O Hamas, o presidente da Autoridade Palestina e diversos países árabes denunciaram no domingo a proposta do presidente americano, Donald Trump, de “limpar” a Faixa de Gaza, enviando seus habitantes ao Egito e à Jordânia.

“Gostaria que o Egito recebesse pessoas e gostaria que a Jordânia recebesse pessoas”, declarou o mandatário americano.

No entanto, tanto Jordânia, que acolhe atualmente 2,3 milhões de refugiados palestino, como o Egito rejeitaram qualquer projeto de “deslocamento forçado” de palestinos.

Filas reuniram milhares de pessoas em Gaza
Filas reuniram milhares de pessoas em Gaza Foto: Mohammad Abu Samra/AP

Trégua em três fases

A guerra em Gaza começou com o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023 que deixou 1.210 mortos do lado israelense, em sua maioria civis, segundo uma contagem baseada em dados oficiais.

Um total de 251 pessoas foram sequestradas naquele dia. Delas, 87 seguem cativas, das quais 34 morreram, segundo o Exército.

A ofensiva lançada em represália por Israel na sitiada Faixa de Gaza deixou pelo menos 47.306 mortos, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, que não distingue civis de combatentes.

A primeira fase do acordo de cessar-fogo deve durar seis semanas e permitirá a liberação de um total de 33 reféns contra 1.900 prisioneiros palestinos.

Nesta primeira fase está previsto negociar as modalidades da segunda, que deve permitir a libertação dos últimos reféns, antes da última etapa, que deve iniciar o processo de reconstrução de Gaza e a devolução dos corpos dos reféns que morreram em cativeiro./ AFP E AP.

Por Estadão


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