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Sul-Americano sub-20 na Venezuela começa após preocupações com crise política no país

de admin

Governos, como da Argentina e do Uruguai, cogitaram não enviar delegações; Ministério do Esporte enviou carta à Conmebol pedindo a garantia de segurança aos brasileiros que estarão no torneio

Brasil estreia no Sul-Americano Sub-20 nesta sexta-feira, 24, em duelo com a Argentina, às 20h30, frente a um cenário de preocupação com a segurança das delegações. A sede do torneio é a Venezuela, que vive nova fase de sua usual instabilidade política, após a reeleição de Nicolás Maduro no meio do ano passado, sob alegações de fraude no sistema eleitoral.

Alguns governos, como o da Argentina e do Uruguai, não queriam que suas seleções fossem à competição, mas associações nacionais de futebol dos respectivos países decidiram enviar as delegações mesmo assim.

Nicolás Maduro caminha ao lado do ministro da Defesa, Vladimir Padrino, durante exercícios militares em Caracas.
Nicolás Maduro caminha ao lado do ministro da Defesa, Vladimir Padrino, durante exercícios militares em Caracas. Foto: AFP/Zurimar Campos/Presidência da Venzuela

A ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, chegou a pedir publicamente que a sede do evento fosse alterada, em um momento no qual crescia a tensão entre Javier Milei e Maduro, intensificada desde que o presidente argentino endossou o líder da oposição venezuelana Edmundo González como o vencedor legítimo das eleições.

“A Argentina vai enviar crianças e podem sequestrá-los. Eles terão que mudar de sede”, disse a ministra à CNN. “Que diferença pode haver entre ter um jogador de futebol e um militar? Eles podem acusá-lo (o jogador de futebol) de qualquer coisa… é um risco”, completou.

Também houve um movimento parecido no Brasil, vindo do Ministério do Esporte, porém sem considerar retirar a seleção do campeonato e focada em uma solicitação de garantias de segurança.

“Servimo-nos do presente para solicitar que sejam adotadas todas as medidas cabíveis e necessárias para assegurar a integridade física de todos os cidadãos brasileiros, tais como atletas, membros da comissão técnica, torcedores, profissionais de imprensa, dentro outros”, afirmou Athirson Mazolli e Oliveira, secretário Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, em documento enviado a Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol.

Seleção brasileira em preparação para o Sul-Americano sub-20 na Venezuela.
Seleção brasileira em preparação para o Sul-Americano sub-20 na Venezuela. Foto: Rafael Ribeiro/CBF

“Embora a organização do campeonato esteja a cargo de uma entidade privada e com total autonomia para decidir os rumos do futebol sul-americano, a proteção e o bem-estar dos nossos cidadãos são prioridade máxima para o Governo Federal e para o Ministério do Esporte”, acrescentou.

Conforme apurado pelo Estadão, desde a confirmação da Venezuela como sede do torneio, a Conmebol monitora a situação, mas entende que não há nenhuma ameaça à integridade dos participantes.

As eleições venezuelanas ocorreram no dia 28 de julho e terminaram com Maduro reeleito para terceiro mandato, com 51% dos votos. A oposição questiona a legitimidade do resultado e defende que González venceu com 67%, segundo mostrariam supostas atas, que foram exibidas até no Congresso brasileiro, durante visita do internacional venezuelano Gustavo Silva ao País, em novembro.

No Brasil, Silva exibiu o documento a congressistas e a integrantes do Ministério das Relações Exteriores (MRE). O grupo coordenado por ele reuniu cerca de 25 mil atas eleitorais, que cobririam cerca de 85% dos locais de votação.

As acusações feitas pela oposição motivaram uma série de protestos nas ruas da Venezuela. Nas primeiras horas após a divulgação do resultado da eleição, foram presas mais de 2 mil pessoas envolvidas em manifestações. Pouco mais de 1,5 mil foram soltas nos meses seguintes.

Poucos dias antes de 10 de janeiro, data da posse de Maduro, o governo local confirmou que prendeu 120 estrangeiros participantes de protestos, sob acusação de terrorismo. Denúncias de violação de direitos humanos têm sido constantes na Venezuela.

Em um processo de deterioração em sua relação com Maduro, o governo brasileiro condenou, em 11 de janeiro, as “prisões, ameaças e perseguições” cometidas pelo país vizinho.

“Embora reconheçamos os gestos de distensão pelo governo Maduro – como a liberação de 1,5 mil detidos nos últimos meses e a reabertura do Escritório do Alto Comissário de Direitos Humanos das Nações Unidas em Caracas, o governo brasileiro deplora os recentes episódios de prisões, de ameaças e de perseguição a opositores políticos”, diisse o Itamaraty.

“Para a plena vigência de um regime democrático, é fundamental que se garantam a líderes da oposição os direitos elementares de ir e vir e de manifestar-se pacificamente com liberdade e com garantias à sua integridade física”, completou.

O Sul-Americano Sub-20 será disputado de 24 de janeiro a 16 de fevereiro. O Brasil está no Grupo B, que tem, além da Argentina, as seleções de Bolívia, Colômbia e Equador. Os três primeiros colocados de cada grupo avançam para o hexagonal final. Os quatro melhores da segunda etapa se classificam para o Mundial Sub-20, que acontece entre 27 de setembro e 19 de outubro deste ano, no Chile.

O exército da Venezuela tem feito exercícios militares, inclusive na divisa com o Brasil, como ocorreu na quarta-feira, 22, o que forçou o fechamento da fronteira por “medida de segurança”, conforme informou o Ministério das Relações Exteriores. Ainda de acordo com o Itamaraty, tratou-se de uma “decisão unilateral das autoridades venezuelanas”.

Por Estadão


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