Por que manter o comércio Brasil-EUA sem tarifas pode interessar a Trump – Blog Folha do Comercio
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Por que manter o comércio Brasil-EUA sem tarifas pode interessar a Trump

de admin

Preservar o mercado americano, o terceiro principal destino das exportações do País, será uma das tarefas mais importantes da diplomacia econômica brasileira

Com exportações de US$ 40,3 bilhões para os Estados Unidos em 2024, o Brasil poderá ser gravemente prejudicado se o presidente Donald Trump, recém-chegado ao poder, concretizar suas ameaças protecionistas. Ele descreveu como excelente o relacionamento com o Brasil e, de modo geral, com a América Latina, mas acusou os países do Brics de estarem procurando prejudicar os Estados Unidos.

“Se fizerem isso”, acrescentou, “não ficarão felizes com o que vai acontecer”. A advertência vale, portanto, para o Brasil, o B da palavra Brics, assim como a referência, mais vaga, a maiores tarifas de importação. A possível aplicação de tarifas de 25% foi mencionada, no discurso, numa alusão ao México e ao Canadá, mas a ideia de fechamento comercial foi explorada de modo mais amplo.

O mercado americano é o terceiro principal destino das exportações brasileiras. No ano passado, a maior parcela das vendas externas brasileiras, US$ 95,9 bilhões, foi destinada ao conjunto formado por China, Hong Kong e Macau.

A União Europeia absorveu produtos brasileiros no valor de US$ 48,2 bilhões. Os Estados Unidos ficaram em terceiro lugar, seguidos pelo componentes da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), importadores de bens no valor de US$ 26,4 bilhões.

Os EUA são especialmente relevantes como destino de bens produzidos pela indústria de transformação brasileira (na foto, Portonave, terminal de contêineres em Navegantes/SC)
Os EUA são especialmente relevantes como destino de bens produzidos pela indústria de transformação brasileira (na foto, Portonave, terminal de contêineres em Navegantes/SC) Foto: Anderson Coelho/Estadão

Os Estados Unidos também se destacam, entre os compradores de produtos brasileiros, como grandes importadores de bens industriais. Essa parcela correspondeu, no ano passado, a US$ 31,6 bilhões, 78,4% do valor destinado a clientes americanos.

Especialmente relevante como destino de mercadorias de alto valor agregado, esse mercado absorve, em valor, 17,4% das vendas brasileiras de bens produzidos pela indústria de transformação, equivalentes, no ano passado, a US$ 181,9 bilhões. Essas exportações corresponderam a cerca de 54% do valor total de bens vendidos ao exterior.

Cuidar da preservação desse mercado será, portanto, uma das tarefas mais importantes da diplomacia econômica brasileira, enquanto o presidente Donald Trump se empenhar na mudança das condições do comércio exterior.

De fato, a manutenção desse comércio, geralmente equilibrado e às vezes ligeiramente superavitário para os Estados Unidos, interessa aos dois lados. O reconhecimento desse fato poderá facilitar a manutenção desse intercâmbio sem novas barreiras tarifárias ou de qualquer outra natureza.

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Análise por Rolf Kuntz

Jornalista

Por Estadão


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