Republicano prometeu duras tarifas a Pequim e Bruxelas durante a campanha presidencial
China e União Europeia (UE) reagiram com cautela e preocupação à posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na segunda-feira, 20. O republicano ameaçou o país asiático e o bloco europeu com altas tarifas comerciais durante a campanha e aplicou as medidas durante o seu primeiro mandato.
Em um comunicado, a chancelaria da China afirmou que espera cooperar com Washington para resolver disputas comerciais. “A China quer fortalecer o diálogo e a comunicação com os Estados Unidos e gerir adequadamente as diferenças”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Guo Jiakun.
“Esperamos que os Estados Unidos trabalhem com a China para promover conjuntamente o desenvolvimento estável das relações económicas e comerciais bilaterais”, acrescentou. O porta-voz admitiu as diferenças entre Pequim e Washington, mas ressaltou que existe um grande espaço para cooperação.
Em seu primeiro mandato, Trump iniciou uma guerra comercial com a China. O seu sucessor, Joe Biden, manteve a maioria das tarifas contra Pequim.
A China também afirmou estar “preocupada” com a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris. “As alterações climáticas são um desafio comum que toda a humanidade enfrenta e nenhum país pode permanecer insensível ou resolver o problema sozinho”, disse o porta-voz Guo Jiakun.
O acordo procura reduzir as emissões de gases com efeito de estufa que impulsionam as alterações climáticas. Os críticos alertam que a decisão de Trump poderá encorajar outros grandes poluidores, como a China e a Índia, a reduzirem os seus próprios compromissos.
União Europeia
Já a UE ressaltou que quer se relacionar com Trump de forma “pragmática”, de acordo com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
“Seremos pragmáticos, mas estaremos sempre prontos para defender os nossos princípios”, afirmou o chefe do braço executivo da UE em um discurso durante o Fórum Econômico de Davos, na Suíça. Segundo Von der Leyen, a UE procura “mais cooperação com todos aqueles que estão abertos a ela”.
“Isso inclui nossos parceiros mais próximos. Penso, claro, nos Estados Unidos”, disse, destacando a integração entre as duas economias.
A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas alavancou novamente um sentimento de incerteza no continente europeu. Em seu primeiro mandato, Trump impôs tarifas pesadas sobre produtos como aço e alumínio e afirmou que a UE favorecia a indústria alemã. O presidente americano também chegou a classificar a Europa como um inimigo “pior que a China, só menor”.
Para o segundo mandato, é consenso que ele voltará a pressionar por acordos que deem maior abertura aos produtos e empresas americanas. Durante a campanha, o republicano ameaçou impor tarifas de 10% a 20% sobre as importações de outros países e expressou uma frustração especial com os desequilíbrios comerciais nos setores automotivo e agrícola.
O republicano também quer negociar um “acordo mais justo” dentro da Otan. O presidente americano já ameaçou retirar os EUA da aliança militar e quer que os aliados da organização gastem mais com defesa.
De acordo com o vice-presidente da Comissão Europeia, Stéphane Séjourné, a UE pode oferecer a Trump um acordo para que o bloco europeu aumente os gastos com defesa em troca de o presidente americano não iniciar uma guerra comercial.
“Não podemos ter uma guerra comercial e, ao mesmo tempo, construir a Europa da Defesa”, disse Séjourné, em entrevista à rádio France Inter./com AFP
Por Estadão