Mara Gabrilli critica decisão da Meta de permitir associação de LGBTQI+ a ‘doenças mentais’ – Blog Folha do Comercio
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Mara Gabrilli critica decisão da Meta de permitir associação de LGBTQI+ a ‘doenças mentais’

de admin

Senadora afirma que decisão representa um ‘ataque inadmissível à dignidade humana’ e um estímulo à perpetuação de preconceitos e discursos de ódio

A senadora Mara Gabrilli (PSD-SP), integrante do Comitê da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, reagiu às novas Diretrizes da Comunidade da Meta, que permitem a associação de gays e pessoas trans com “doenças mentais”. Para a congressista, a decisão representa um “ataque inadmissível à dignidade humana” e um estímulo à perpetuação de preconceitos e discursos de ódio.

Mara Gabrilli criticou a empresa por criar um “precedente perigoso”, justificando a mudança com base em “debates religiosos ou políticos” que reforçam estigmas prejudiciais e colocam vidas em risco.

“A postura da Meta, ao permitir ‘acusações de anormalidade mental relacionadas a gênero ou orientação sexual’, confronta diretamente os avanços legais e a luta histórica por respeito e igualdade”, disse a senador ao jornal O Globo. “Além do que não existe um critério de comportamento normal que possa ser subjetivado dessa forma prepotente e inculta.”

Senadora Mara Gabrilli é integrante do Comitê da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
Senadora Mara Gabrilli é integrante do Comitê da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência Foto: Divulgação

alteração, nesta terça-feira, 7, das políticas contra discurso de ódio em publicações no Facebook, no Instagram e no Threads permite a associação de “doenças mentais” a identidades de gênero e orientações sexuais, especialmente em contextos que envolvem debates culturais ou políticos. “Nós permitimos alegações de doença mental ou anormalidade quando baseadas em gênero ou orientação sexual, dado o discurso político e religioso sobre transgenerismo e homossexualidade”, diz o texto com as novas diretrizes.

Em resposta, a deputada Erika Hilton (PSOL-SP) solicitou à ONU uma investigação sobre a decisão da Meta. Ela apontou que a flexibilização das políticas de moderação de conteúdo pode impulsionar a disseminação de fake news e incitação à violência contra grupos minoritários, especialmente no que diz respeito a sexualidade, gênero, raça e etnia. A deputada enviou uma representação ao relator especial da ONU para assuntos relacionados a minorias, Nicolas Levrat, defendendo que a mudança da Meta pode ser vista como uma violação dos direitos humanos.

Erika Hilton destacou que as mudanças de política, adotadas por grandes corporações como a Meta, colocam em risco as vidas da comunidade LGBTQIA+. A parlamentar fundamenta seu pedido com base em tratados internacionais, como o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, de 1966, e a Declaração sobre os Direitos das Pessoas Pertencentes a Minorias Nacionais ou Étnicas, Religiosas e Linguísticas, de 1992.

Com o fim do programa de checagem de fatos, a Meta opta por um novo modelo chamado Notas da Comunidade, no qual os próprios usuários poderão adicionar correções e contexto a publicações com informações falsas ou enganosas. Esse movimento, que altera significativamente a abordagem da empresa em relação à moderação de conteúdo, levanta preocupações sobre a possibilidade de amplificação de desinformação, principalmente sobre temas sensíveis.

Para especialistas, essa flexibilização das regras pode aumentar a propagação de desinformação e fortalecer discursos de ódio. No Brasil, o Supremo Tribunal Federal (STF) classificou, em 2023, atos ofensivos contra a comunidade LGBTQIA+ como injúria racial, e em 2019, determinou o enquadramento da homotransfobia na Lei do Racismo.

A decisão da Meta, no entanto, reflete um movimento mais amplo nas redes sociais, com empresas se alinhando com posturas mais radicais, seguindo um alinhamento político com figuras como Elon Musk Donald Trump, que são críticos da “agenda woke” (termo relacionado à justiça racial e social, usado de forma depreciativa por conservadores).

No Brasil, o Ministério Público Federal (MPF) quer esclarecimentos da Meta sobre os possíveis impactos dessa nova política. Nas solenidades que recordaram os dois anos dos atos golpistas de 8 de Janeiro, integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do STF fizeram críticas abertas às big techs e ao bilionário Mark Zuckerberg, dono da Meta.

Por Estadão


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