Novo advogado de Braga Netto diz que não há chance de delação: ‘O general é um democrata’ – Blog Folha do Comercio
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Novo advogado de Braga Netto diz que não há chance de delação: ‘O general é um democrata’

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Em entrevista ao Estadão, José Luís Oliveira Lima, renomado criminalista, afirma que ex-ministro de Bolsonaro, preso no sábado, 14, no inquérito do golpe, ‘está indignado’, nega ter participado do Plano Punhal Verde Amarelo para matar Lula, Alckmin e Moraes e declara que não deu dinheiro para kids pretos; ‘mentiras’

Quatro dias após a prisão do general Walter Braga Netto no inquérito do golpe, um novo advogado assume sua defesa. Em entrevista ao Estadão, o criminalista José Luís Oliveira Lima, constituído para defender o ex-ministro, garante que a mudança não tem relação com a possibilidade de negociar uma delação premiada. Um acordo de colaboração, segundo a defesa, está fora de cogitação. “O general não praticou crime algum, portanto não fará colaboração”, assegura.

Segundo o advogado, Braga Netto não poderia implicar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e nenhum outro investigado, porque não teve participação no plano de golpe.

“O general Braga Netto é um democrata, não participou de nenhuma reunião golpista”, defende.

Oliveira Lima visitou Braga Netto nesta quarta-feira, 18, no Comando da 1.ª Divisão de Exército, na Vila Militar, em Deodoro, no Rio de Janeiro. O advogado afirma que o general ficou surpreso e indignado com a prisão. A primeira medida da defesa será pedir o depoimento do ex-ministro para esclarecer pontos que considera importantes.

Braga Netto foi preso preventivamente por tentar obstruir a investigação sobre o plano de golpe. Segundo a PF, ele tentou conseguir informações sigilosas sobre a delação do tenente-coronel Mauro Cid para repassar a outros investigados e também alinhou versões com aliados.

A defesa nega interferências do general. O advogado afirma que as acusações têm como base exclusivamente a versão de Mauro Cid, “um delator com credibilidade zero”.

José Luís Oliveira Lima, advogado criminalista, assume a defesa de Braga Netto; ele nega chance de delação
José Luís Oliveira Lima, advogado criminalista, assume a defesa de Braga Netto; ele nega chance de delação Foto: Ed Ferreira/Estadão

Ao pedir a prisão do general, a Polícia Federal (PF) também apontou que ele financiou a ação dos oficiais das Forças Especiais do Exército, os “kids pretos”, para matar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice Geraldo Alckmin, em 2022. Braga Netto teria entregado recursos aos golpistas em uma sacola de vinho. A informação também foi repassada por Mauro Cid em sua delação.

“É uma mentira essa acusação, o general nunca entregou dinheiro para financiar qualquer tipo de plano. É no mínimo curioso, para ser gentil, que oito meses depois, o colaborador, que já mudou de versão várias vezes, agora traga essa fantasiosa versão”, rebate Oliveira Lima.

O general é um dos 40 indiciados pela PF por golpe de Estado, organização criminosa e abolição violenta do Estado de Direito. O ex-ministro foi citado 98 vezes no relatório do inquérito do golpe e apontado como “figura central“ do plano golpista.

A investigação da PF também indicou a influência do general em uma campanha velada, mas agressiva, de pressão ao então comandante do ExércitoMarco Antônio Freire Gomes, para aderir ao golpe.

Como mostrou o Estadão, em um computador apreendido na sala dos assessores do general Walter Braga Netto, a PF encontrou uma apresentação que teria sido usada por ele em palestras em clubes militares. O material aborda a “evolução do relacionamento civil-militar no Brasil” defende o “poder de pressão política” das Forças Armadas para “participar ativamente das decisões nacionais“ e “ampliar o poder de influência na Esplanada”.

A defesa afirma que Braga Netto tem esperanças de provar sua inocência. “Ele quer esclarecer os fatos o mais rápido possível.”

Leia a entrevista completa:

O sr já conversou com o general? Estiveram juntos presencialmente?

Estive com o general hoje, que apesar de estar privado da sua liberdade, está sereno, confiando na sua inocência, na Justiça e no Judiciário.

General Braga Netto e o ex-presidente Jair Bolsonaro
General Braga Netto e o ex-presidente Jair Bolsonaro Foto: Wilton Junior/Estadão

Braga Netto se surpreendeu com a prisão? Como ele está?

Claro que ficou surpreso, uma vez que não praticou nenhum crime. Está naturalmente indignado e seguro de que a verdade vai aparecer.

Qual será sua primeira iniciativa no caso? Pedir a revogação da prisão preventiva?

Recorrer da decisão e solicitar que o general seja ouvido imediatamente. Ele quer esclarecer os fatos o mais rápido possível.

A decisão do general de mudar a defesa decorre da intenção de negociar uma delação?

O general não praticou crime algum, portanto não fará colaboração.

Braga Netto pode implicar Bolsonaro?

O general não pode implicar ninguém, não participou de nenhum ato ilícito.

Braga Netto, preso pela Polícia Federal, foi indiciado no inquérito do golpe
Braga Netto, preso pela Polícia Federal, foi indiciado no inquérito do golpe Foto: Pedro Kirilos/Estadão

O STF limitou o acesso a Braga Netto. Apenas os advogados constituídos podem visitá-lo. Até mesmo familiares precisam de autorização prévia do Supremo. Ele fez algum pedido ao senhor no sentido de buscar a flexibilização dessas restrições de visitas?

O general Braga Netto não quer privilégios e irá acatar as determinações do Supremo.

Braga Netto foi preso sob suspeita de obstruir a investigação. Como o sr pretende derrubar essa acusação?

O general em momento algum obstruiu as investigações, não existe nenhuma prova minimamente confiável disso. A tese de obstrução é construída exclusivamente com base na palavra de um delator com credibilidade zero.

O general participou de reuniões golpistas?

O general Braga Netto é um democrata, não participou de nenhuma reunião golpista.

Braga Netto liderou o plano Punhal Verde e Amarelo? Ele entregou dinheiro aos kids pretos para financiar o plano?

É uma mentira essa acusação, o general nunca entregou dinheiro para financiar qualquer tipo de plano. É no mínimo curioso, para ser gentil, que oito meses depois, o colaborador, que já mudou de versão várias vezes, agora traga essa fantasiosa versão.

Por Estadão


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