BC faz novo leilão de dólares, mas moeda americana volta a subir e chega aos R$ 6,29 – Blog Folha do Comercio
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BC faz novo leilão de dólares, mas moeda americana volta a subir e chega aos R$ 6,29

de admin

Leilão desta quinta-feira, 19, foi o oitavo realizado este mês; no total, já foram injetados US$ 15,7 bilhões no mercado pelo Banco Central

Banco Central injetou na manhã desta quinta-feira, 19, mais US$ 3 bilhões no mercado por meio de um leilão à vista, em uma nova tentativa de conter a alta da moeda americana. E, mais uma vez, o movimento teve efeito limitado. A cotação até abriu o dia em queda em relação ao recorde do fechamento de ontem (R$ 6,2657). Mas depois do leilão voltou a subir e ultrapassou esse patamar. Às 9h43, estava em R$ 6,2906, uma alta de 0,40%.

Entre a última quinta-feira, 12, e a terça-feira, 16, o BC já havia injetado US$ 12,760 bilhões no mercado, em sete leilões à vista ou com compromisso de recompra (leilão de linha), na maior intervenção em um único mês desde março de 2020.

Moeda americana vem atingindo patamares recordes
Moeda americana vem atingindo patamares recordes Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

Com o oitavo leilão, realizado nesta quinta-feira, o tamanho da intervenção do BC no câmbio, em um contexto de desconfiança do mercado em relação ao controle de gastos do governo, somada à influência de fatores externos e sazonais, já chega a US$ 15,7 bilhões.

Nesta quarta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou a disparada da cotação da moeda americana, e disse que o câmbio é flutuante e que deve se acomodar à frente. Segundo o ministro, as previsões de grandes instituições financeiras para a inflação indicam uma melhora do cenário. “A previsão de inflação para o ano que vem, a previsão de câmbio para o ano que vem, até aqui, nas conversas com as grandes instituições, são melhores do que as que os especuladores estão fazendo”, disse.

Indagado sobre a possibilidade de o Brasil estar sofrendo com uma especulação contra o real, o ministro afirmou que o ideal é “olhar os fundamentos”. Segundo ele, movimentos especulativos são coibidos com intervenções do Banco Central e do Tesouro Nacional, ele destacou, citando os leilões de recompra de títulos anunciados pelo Tesouro.

Para analistas, no entanto, a grande questão que precisa ser pelo menos endereçada é a fiscal. Segundo Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank, em artigo para o Estadão, para que o dólar retorne a níveis mais baixos, é importante que os investidores percebam que a trajetória fiscal brasileira é sustentável. “Não significa que a dívida deve parar de subir amanhã, mas é essencial que sejam adotadas medidas que deem a clareza de que a dívida não vai crescer indefinidamente.”

Segundo ele, tem ficado cada vez mais evidente que a política monetária brasileira não está funcionando em seu modo habitual. “Geralmente, uma alta de juros atrai capital externo e faz o dólar cair, puxando para baixo o preço dos produtos importados, com impacto na inflação.”

Mas essa dinâmica, agora, não tem funcionado, diz. “Num contexto de dívida elevada, a alta de juros faz aumentar rapidamente o déficit público nominal, piora a trajetória da dívida, gera aversão ao risco e pressiona o dólar.”

A avaliação do economista é que ainda é muito cedo para dizer em que patamar o dólar vai se estabilizar. “Mas, se o câmbio seguir nos níveis atuais, continuaremos assistindo a uma escalada da inflação e a um Banco Central pressionado a manter os juros elevados por mais tempo. O melhor caminho possível para reverter esse cenário está na política fiscal, idealmente por meio de corte de gastos. O pacote de contenção de despesas vai na direção certa, mas medidas adicionais precisam ser implementadas.”

Por Estadão


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