Autoridades querem entender como houve a troca e se o hospital tentou encobrir o caso
Uma troca de bebês no Hospital da Mulher, em Inhumas, foi descoberta após três anos do nascimento das crianças. Nesta segunda-feira (9), a Polícia Civil começa a ouvir depoimentos sobre o caso para esclarecer dois pontos:
- Como houve a troca; e
- Se o hospital tentou encobrir a troca.
Duas famílias denunciam que seus filhos foram trocados logo após o parto. Anteriormente, os genitores das crianças já tinham dado algumas informações às autoridades.
- Os pais não puderam acompanhar os partos e os bebês, pois era período de pandemia da Covid-19;
- Apesar de centros cirúrgicos diferentes, as mães tiveram os partos em horários muito próximos;
- Ambas as mães disseram não ter lembrança dos bebês com pulseiras de identificação – no primeiro contato, eles estavam com as pulseiras.
A investigação está em segredo de Justiça. A começar nesta segunda, a Polícia Civil ouvirá a mãe da Yasmin (que teve o filho trocado); na terça-feira (10), Yasmin Kessia e o Cláudio Alves (pai); na quarta-feira, Guilherme Luiz e Isamara Cristina (pais da outra criança trocada) e avó materna.
Os pais das crianças trocadas têm dito que pretendem se tornar uma grande família para que todos possam conviver.
Descoberta
A situação foi descoberta após Cláudio Alves, um dos pais, solicitar um exame de DNA para confirmar a paternidade do filho. Após a separação, a ex-mulher, Yasmin Kessia da Silva, também decidiu realizar o teste. “Se ele não fosse filho do Cláudio, também não era meu”, afirmou ela.
O exame, realizado no dia 31 de outubro de 2024, revelou que o sangue da criança não era compatível com o de Cláudio. Por acreditar que o resultado estaria errado, Yasmin pediu uma contraprova, que confirmou a incompatibilidade do sangue do menino com o dos pais.
A desconfiança levou Yasmin a procurar pela família que estava na maternidade no mesmo dia do nascimento de seu filho e após contar sobre o ocorrido, Isamara Cristina Mendanha e Guilherme Luiz de Souza também realizaram o exame com seu filho e tiveram a mesma surpresa: a incompatibilidade sanguínea.
Os bebês nasceram no dia 15 de outubro de 2021, com apenas 14 minutos de diferença – um às 7h35 e outro às 7h49. O advogado de Cláudio, Kuniyoshi Watanabe, relata que existe a possibilidade das crianças terem os registros com dois pais e duas mães.
O caso está sob investigação do delegado Miguel Mota, que informou que os envolvidos já foram ouvidos. A Polícia Civil destacou que pode ter acontecido uma possível infração ao artigo 229 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que trata da responsabilidade médica em identificar corretamente os neonatos no momento do parto.
Por meio de nota, o Hospital da Mulher afirmou: “Assim que os fatos foram trazidos ao conhecimento da instituição pelos próprios familiares, medidas imediatas foram adotadas para garantir a apuração completa e transparente do ocorrido”. O hospital também ressaltou que colabora com a investigação e que vai revisar protocolos de segurança para evitar novos incidentes.
Por Mais Goiás