“Golpista ganha como intérprete, como compositor e produtor”, diz uma das vítimas
Os compositores e produtores goianos Rogério Ferrari, Israel Cardoso, Diego Yure e Valéria Costa, que tiveram as músicas furtadas em um golpe virtual, falaram sobre o caso à TV Anhanguera. “[O golpista] ganha como intérprete, tirando de um artista que poderia gravar; ganha como compositor, tirando de um a quatro, cinco autores; ganha como produtor… Então, ele vai atrapalhar toda uma cadeia de trabalho, que vive disso”, detalha Valéria.
Para ocorrer o crime, os compositores criam as canções e gravam as guias, que eram enviadas para artistas e produtores por e-mail e WhatsApp. Nesse momento, os criminosos furtavam as músicas com identidades falsas e as lançavam em plataformas digitais, lucrando com as reproduções. Acredita-se que ocorra o uso de inteligência artificial para criar uma nova voz na utilização da gravação furtada.
Os compositores disseram que os nomes das músicas foram trocados para que as canções fossem lançadas pelos criminosos sem os devidos créditos, mesmo que estivessem registradas. Conforme Yure, trata-se de uma grande decepção. “Temos um investimento grande para fazer a guia e mandar no formato para o artista entender a ideia da música. É muito sério, é nosso sustento.”
Israel e Rogério revelam que gravar e enviar a guia aos artistas é o processo natural. Contudo, eles dizem não saber onde, de fato, o material vai parar. “É impossível ter controle. Principalmente via WhatsApp.”
Operação
Sobre o caso, um grupo criminoso tem furtado músicas sertanejas e lucrado com direitos autorais de artistas renomados. O esquema de fraude, que envolve cópias de materiais artísticos pela internet e apropriações indevidas de lucros advindos de audiência, é alvo de investigação em Goiás, onde a maioria das vítimas reside.
A operação Desafino, conduzida pelo Ministério Público de Goiás, cumpriu, na quinta-feira (5), mandado de prisão e ordens judiciais de busca e apreensão em Pernambuco e no Rio Grande do Sul. Investigados foram alvos de bloqueios de bens móveis e imóveis no montante de R$ 2.312.000,00. Criptomoedas também foram confiscadas, mas o valor não foi revelado.
Até o momento, apura-se que a fraude pode ter afetado mais de 400 canções, com aproximadamente 30 milhões de visualizações em aplicativos de música. E o prejuízo das vítimas pode ultrapassar a casa dos R$ 6 milhões.
Por Mais Goiás