A manifestação do presidente francês ocorre às vésperas de a presidente da Comissão Europeia participar da reunião com o Mercosul, em Montevidéu, em que se espera o anúncio do acordo
O presidente da França, Emmanuel Macron, reiterou nesta quinta-feira, 5, que o teor do acordo entre a União Europeia e o Mercosul é inaceitável “como está”.
“O projeto de acordo entre a UE e o Mercosul é inaceitável tal como está. O presidente Emmanuel Macron reiterou hoje à presidente da Comissão Europeia. Continuaremos a defender incansavelmente a nossa soberania agrícola”, diz o registro da conta oficial da presidência francesa na rede X.
O posicionamento oficial da presidência francesa, com palavras semelhantes às usadas pelo primeiro-ministro francês, Michel Barnier, em reunião em 13 de novembro, em Bruxelas, com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ecoa as preocupações — e pressões — de movimentos de agricultores franceses.
A manifestação de Macron ocorre às vésperas de Ursula Von der Leyen participar da reunião dos países do Mercosul que ocorre na sexta-feira, 6, em Montevidéu. A viagem da líder europeia à América do Sul para a reunião sinaliza que União Europeia e Mercosul pretendem anunciar a conclusão do acordo de comércio entre as duas regiões.
A viagem de Von der Leyen sugere que os problemas técnicos entre a UE e o bloco sul-americano foram resolvidos, e o caminho está aberto para que “o mais alto nível político faça as concessões e os compromissos finais para tentar fechar um acordo”, disse o porta-voz da Comissão, Olof Gill.
Um movimento massivo de protesto por parte de agricultores europeus no ano passado enviou sinais de alerta aos negociadores e foram reacesos nas últimas semanas, como pressão contra o acordo. Nos últimos dias, os agricultores belgas acrescentaram a sua voz ao bloquear as passagens de fronteira.
Eles dizem que “o Mercosul inunda o mercado com produtos que não têm de cumprir as rigorosas normas ambientais e de proteção animal da UE às quais devem aderir, prejudicando assim injustamente o mercado”. Além disso, alegam que os produtores sul-americanos se valem de custos trabalhistas mais baixos e de explorações agrícolas mais extensivas.
Se Von der Leyen conseguir fechar um acordo, a Comissão ainda terá de transformá-lo em um texto jurídico e é até essa fase que se tornará claro se certas ou todas as partes precisam de ser aprovadas por unanimidade ou se uma maioria especial entre os países da UE seria suficiente para finalizar o acordo. /Com Tom Nouvian e AP
Por Estadão