Grupo vai investir US$ 1 bilhão e pode ter até três fábricas no País, diz CEO da empresa no Brasil; as universidades escolhidas são a Unicamp, a UFSC e a UFSM
Bem antes de iniciar produção no Brasil, prevista para 2026, a chinesa GAC firmou nesta quinta-feira, 5, parceria com três universidades locais para o desenvolvimento de novas tecnologias, com foco principal em motores com sistemas híbridos flex e pesquisa de ponta em tecnologias inteligentes.
O investimento nessa parceria é de R$ 120 milhões e faz parte do projeto já anunciado de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,8 bilhões) na instalação de fábricas e de um centro de pesquisa e desenvolvimento (P&D) no País. As universidades escolhidas são a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
“O Brasil é prioridade para nós”, disse Wei Haigang, presidente da GAC Internacional. A subsidiária brasileira será a terceira do grupo fora da China. Já estão em operação filiais na Tailândia e na Malásia. A empresa é a quinta maior no mercado chinês, com produção de 2,52 milhões de veículos em 2023.
A assinatura da parceria foi feita em uma cerimônia em São Paulo, onde também foi apresentado o CEO da GAC no Brasil, o chinês Alex Zhou, de 36 anos, que antes comandara a operação do grupo nas Américas, sediada nos Estados Unidos. O escritório local do grupo foi inaugurado na quarta feira, 4, no Bairro do Morumbi, na capital paulista.
Até três fábricas
O grupo ainda está avaliando o local para sua linha de produção — que começará com a montagem de kits trazidos da China. Segundo Zhou, a preferência é por uma fábrica já pronta. A mesma estratégia foi adotada pela BYD e pela GWM que adquiriram, respectivamente, as plantas da Ford na Bahia, e a da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP). Ambas vão iniciar operações de montagem de SKDs (kits de componentes prontos) no próximo ano.
“Nossa prioridade é por uma fábrica já pronta, mas também temos a opção de construir uma planta ou usar instalações de terceiros”, disse Zhou. “Vai depender do orçamento financeiro e da estratégia a ser adotada, pois poderemos ter uma, duas ou três fábricas porque vamos produzir oito modelos num período de cinco anos.”
Hoje, as opções do grupo para adquirir uma instalação pronta são as unidade da Toyota, em Indaiatuba e a da Honda em Sumaré, que estão em processo de encerramento de atividades com a concentração da produção em fábricas mais novas.
No primeiro semestre de 2025, o grupo iniciará a importação de pelo menos sete modelos híbridos, híbridos plug-in e elétricos. A definição dos primeiros carros a serem produzidos no Brasil será feita com base “naqueles que forem os mais populares no mercado”, disse o CEO, referindo-se aos mais vendidos.
Novo patamar
Na segunda-feira, 2, a BYD informou que já tem pronto um sistema de motorização para os carros híbridos flex plug-in, desenvolvido por engenheiros da China e do Brasil. Até o momento, oito fabricantes chinesas confirmaram projetos de produção ou importação de carros eletrificados no Brasil.
A parceria da CAG com as três universidades locais também visa à formação de mão de obra especializada, desenvolvimento de biocombustíveis, combustíveis de baixo carbono e sistemas alternativos de propulsão.
“Temos compromisso com o desenvolvimento socioeconômico do Brasil, queremos aprimorar a indústria nacional, conduzi-la a um novo patamar e conduzir o País a uma nova era para sua indústria automotiva”, disse Zhou.
Por Estadão