Neste final de semana, dias 30 de novembro e 1º de dezembro, Goiânia recebe o Encontro Estadual de Mulheres Negras, evento que faz parte da preparação para a II Marcha Nacional de Mulheres Negras, prevista para 2025, em Brasília. O encontro acontecerá na sede do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg), no Setor Vila Nova, e reunirá cerca de 500 participantes de diversas regiões do estado.
Com o tema Reparação e Bem Viver, o evento busca fortalecer a luta das mulheres negras contra o genocídio da população negra, além de discutir a ampliação de sua participação política e abordar questões como justiça climática e ambiental, em resposta aos ataques ao bioma Cerrado. As participantes incluem lideranças de comunidades quilombolas, de matriz africana, intelectuais, artistas e mulheres das periferias urbanas e rurais.
A programação conta com palestras, debates, grupos de trabalho e apresentações culturais, com o objetivo de criar comitês e equipes que contribuirão na organização da Marcha de 2025. Segundo Janira Sodré, historiadora e fundadora da Coletiva Pretas de Angola, o encontro é um espaço para discutir o contexto de violências históricas e contemporâneas contra mulheres negras e suas comunidades. Ela enfatiza que o movimento de mulheres negras tem se consolidado como uma das expressões mais abrangentes do ativismo social no Brasil, promovendo reflexões e práticas voltadas ao bem viver como uma perspectiva para um novo projeto de sociedade.
Ao longo das últimas cinco décadas, a atuação política das mulheres negras tem sido fundamental para evidenciar o impacto do racismo estrutural na perpetuação das desigualdades sociais. Entre as reivindicações do movimento estão políticas públicas específicas, o reconhecimento da pobreza racializada e a denúncia da violência simbólica imposta por padrões hegemônicos. Para Sodré, o evento em Goiânia é mais um passo na construção de um futuro orientado por valores como ancestralidade, justiça social e ambiental, e igualdade de oportunidades.
O encontro também busca ainda reforçar a convocação para a II Marcha Nacional de Mulheres Negras. “convocamos todas as mulheres negras a insurgir na Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, um marco revolucionário pela transmutação da sociedade brasileira que queremos e merecemos”, conclui Sodré.
Por Mais Goiás