Encontro acontece em meio a tensões políticas com indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado de Tarcísio
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta sexta-feira, 29, um pacote de investimentos de R$ 10 bilhões para o Estado de São Paulo. Ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), Lula participou de uma cerimônia que também contou com a presença de Aloizio Mercadante (PT), presidente do BNDES, e Rui Costa, ministro da Casa Civil, além de secretários municipais e estaduais. Esse foi o primeiro encontro público entre o presidente, o governador do Estado de São Paulo e o prefeito da cidade de São Paulo após as eleições municipais.
Os contratos somam R$ 10,6 bilhões em financiamentos do BNDES, contemplando projetos como o trem InterCidades entre São Paulo e Campinas, a expansão da Linha 2-Verde do Metrô, o trecho norte do Rodoanel e a aquisição de ônibus elétricos para a capital.
A expansão da Linha 2-Verde será até a Penha, na zona leste, com integrações planejadas com a Linha 3-Vermelha e a Linha 11-Coral. As obras já estão em andamento. Para o trecho norte do Rodoanel, serão destinados R$ 1,35 bilhão, abrangendo 19,7 quilômetros de vias com quatro faixas, 26,1 quilômetros de vias com três faixas e 14 túneis.
Além disso, R$ 2,5 bilhões serão destinados à compra de 1.300 ônibus elétricos de fabricação nacional para a Prefeitura de São Paulo. Ricardo Nunes busca compensar o atraso na meta de entregar veículos desse modelo, estabelecida por sua gestão.
Conflitos e trocas de farpas
A assinatura dos contratos ocorre em um momento de tensões políticas. Lula e Tarcísio, que foi ministro do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e tem o ex-mandatário como padrinho político, frequentemente trocam críticas públicas.
Recentemente, Tarcísio criticou o indiciamento de Bolsonaro, apontado pela PF como líder de um plano para assassinar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, em um golpe de Estado para impedir a posse do petista. Além disso, o governador disputa o espólio de Bolsonaro, que está inelegível, para 2026.
A relação de Lula com Ricardo Nunes também é marcada por atritos. Durante a última campanha municipal, o presidente apoiou o rival do prefeito, deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP). Nunes também já deixou claro que quer que o MDB apoie o governador Tarcísio ou o ex-presidente Jair Bolsonaro, caso fique elegível, na eleição presidencial de 2026.
Por Estadão
