Pausa entrará em vigência a partir das 4h (23h de terça em Brasília); segundo Joe Biden, EUA, Egito e Catar agora buscarão acordo como Hamas
Um acordo de cessar-fogo de 60 dias entre Israel e a milícia xiita radical libanesa Hezbollah entrará em vigor a partir das 4h, desta quarta-feira, 27, depois de o gabinete do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu ter aprovado o plano de pausa no fim da noite desta terça-feira, 26 (no horário local).
Netanyahu já havia adiantado mais cedo, em um pronunciamento televisivo, que estava apresentando um “esboço para um cessar-fogo” com o Hezbollah ao seu gabinete na noite desta terça-feira.
O gabinete de Netanyahu disse que o plano foi aprovado por uma margem de 10 votos a 1. A votação de fim de noite ocorreu pouco antes de o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciar detalhes do acordo em Washington.
Segundo Biden, a partir das 4h da manhã de quarta-feira (horário local, 23h desta terça) os combates na fronteira entre Líbano e Israel cessarão.
“Esse cessar-fogo foi concebido para ser uma cessação permanente das hostilidades. O que restar do Hezbollah e de outras organizações terroristas não poderá, enfatizo, não poderá ameaçar novamente a segurança de Israel”, disse Biden.
Biden conversou com Netanyahu nesta tarde, disse o gabinete do primeiro-ministro israelense. Netanyahu agradeceu a Biden pelo envolvimento dos EUA na obtenção do acordo e pelo “entendimento de que Israel preservará sua liberdade de ação para aplicá-lo”.
O presidente americano anunciou, ainda, que os Estados Unidos devem buscar, nos próximos dias, um acordo também com o grupo terrorista Hamas, que trava uma guerra com Israel na Faixa de Gaza. Os novos esforços pelo cessar-fogo devem contar com Turquia, Egito e Catar, disse Biden.
O primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, celebrou o acordo afirmando que trégua com Israel é “passo fundamental” para estabilidade regional.
Mais cedo, durante seu primeiro pronunciamento, Netanyahu afirmou que o cessar-fogo era importante para Israel porque permitiria que Tel-Aviv concentrasse seus esforços em combater o Irã, além de reconstruir o arsenal militar e isolar o grupo terrorista Hamas.
Os termos do cessar-fogo
O documento do cessar-fogo foi costurado por diplomatas dos Estados Unidos e da França. A trégua terá 60 dias e as Forças de Defesa de Israel sairiam do sul do Líbano. Já o Hezbollah recuaria para o norte do rio Lítani, permitindo que o Exército do Líbano, que não faz parte do Hezbollah, ocupe a região.
“Civis de ambos os lados poderão, em breve, retornar com segurança às suas comunidades e começar a reconstruir suas casas, escolas, fazendas, negócios e suas vidas”, disse Biden.
Milhares de tropas libanesas adicionais e forças de paz da ONU seriam enviadas ao sul, e um painel internacional liderado pelos Estados Unidos monitoraria a conformidade de todas as partes.
Mas a implementação continua sendo um grande ponto de interrogação. Israel exigiu o direito de agir caso o Hezbollah viole suas obrigações. Autoridades libanesas rejeitaram escrever isso na proposta.
Biden disse que Israel se reserva o direito de retomar rapidamente as operações no Líbano se o Hezbollah violar os termos da trégua, mas que o acordo “foi projetado para ser uma cessação permanente das hostilidades”.
O gabinete de Netanyahu disse que Israel apreciou os esforços dos EUA para garantir o acordo, mas “se reserva o direito de agir contra qualquer ameaça à sua segurança”.
O acordo será oficialmente entre Israel, Líbano e os países mediadores, incluindo os Estados Unidos.
Escalada
A aprovação do acordo acontece exatamente 70 dias depois que Israel detonou os dispositivos de pager do Hezbollah em todo o Líbano, sinalizando o início de uma guerra total entre os dois lados que vinha se arrastando em escalada desde então.
Mesmo com um possível anúncio de cessar-fogo, Israel atacou 180 posições do Hezbollah no sul do Líbano e também na capital Beirute. O Exército de Israel também ordenou a saída de civis libaneses da cidade de Naqoura, no sul do Líbano.
O Hezbollah passou a disparar foguetes contra o norte de Israel a partir de outubro do ano passado, quando terroristas do Hamas invadiram o sul de Israel, mataram 1,2 mil pessoas e sequestraram 250. A milícia radical xiita libanesa indiciou que os ataques ocorreram em solidariedade ao Hamas.
Israel respondeu com bombardeios a posições do grupo no Líbano e com uma invasão terrestre do sul do país, que deslocou milhares de pessoas dos dois lados da fronteira./com NYT e AP.
Por Estadão