Assessor especial de Lula diz que bloco precisa manter ‘natureza especial’ para influenciar no cenário geopolítico e foca críticas na Nicarágua: ‘Eles foram ofensivos com o Brasil’
Na véspera da reunião dos Brics que vai discutir a expansão do bloco, o assessor-chefe da Presidência da República, Celso Amorim, afirmou ser contrário à iniciativa como forma de manter a “natureza especial” do grupo. Isso inclui a Venezuela, cuja relação bilateral com o Brasil estremeceu. “Há um excesso de nomes colocados à mesa. Os Brics têm que conservar a sua essência de países expressivos e com influência nas relações internacionais. Não estou diminuindo os outros países [candidatos], mas para isso tem a ONU e o G-77″, afirmou o embaixador à Coluna do Estadão.
Amorim esteve em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta segunda-feira, 21, no Palácio da Alvorada, para uma devolutiva sobre uma recente viagem à China e também discutir a agenda internacional do governo. Lula cancelou sua ida à Rússia para a cúpula dos Brics após sofrer um acidente doméstico, e indicou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, como chefe da delegação brasileira no fórum.
Ex-ministro, Celso Amorim evitou criticar especificamente o pleito Venezuela para entrar nos Brics. “Não quero fulanizar, mas os Brics precisam manter a influência internacional que pode contribuir com o equilíbrio e a paz, sobretudo neste momento em que estamos vivendo duas guerras”, afirmou, concentrando as críticas na Nicarágua, que também deseja fazer parte do bloco. “O Brasil não pode aceitar a entrada da Nicarágua porque eles foram ofensivos”.
A força da China e da Rússia têm imprimido nos Brics uma agenda cada vez mais anti-ocidental, na avaliação de especialistas. Celso Amorim discorda da tese. “O fortalecimento dos Brics ajudou na retomada do G20, e dessa maneira contribuiu para o equilíbrio de forças. O G20 é o grupo mais representativo”, avaliou. “Precisamos de um mundo mais pacífico, multipolar e equilibrado. Quando você tem equilíbrio de forças, a paz fica mais viável.”
Por Estadão