O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), participou de evento promovido no domingo (11) pelo vereador Adilson Amadeu (União Brasil), candidato à reeleição que foi condenado por ofensas que proferiu à comunidade judaica.
Amadeu recorre da sentença, e a campanha do prefeito afirma que cabe à Justiça avaliar se os candidatos podem disputar a eleição, não a ele.
O evento foi organizado por Amadeu como prestação de contas do mandato e aconteceu na Mooca, bairro da zona leste de São Paulo. O prefeito fez um discurso no qual chamou o vereador de amigo e parceiro leal, autêntico e corajoso e saudou os presentes ao “lançamento da candidatura”.
Amadeu está em seu quinto mandato consecutivo e atua como representante dos taxistas na Câmara Municipal de São Paulo. Ele diz que Nunes é um amigo, com quem teve “a honra de conviver por oito anos” no Legislativo paulistano.
“Um dos melhores administradores que essa cidade já teve. Sou grato e leal a tudo o que ele tem feito e realizado por São Paulo. E foi um prazer tê-lo no meu evento de prestação de contas do mandato”, afirma.
No começo de 2020, Amadeu enviou um áudio a amigos em que dizia: “que é uma puta de uma sem-vergonhice, que eles querem que quebre todo mundo, para todo mundo ficar na mão, do grupo de quem? Infelizmente também os judeus, quando eu até tô até respondendo um processo, porque quando entra [o Hospital Israelita] Albert Einstein, grupo Lide, é que tem sem-vergonhice grande, grande, sem-vergonhice de grandeza que eu nunca vi na minha vida”.
Em 2019, quatro meses antes, Amadeu havia se referido ao então colega de Câmara Daniel Annenberg como “judeu filho da puta” e “judeu bosta” ao vê-lo votar contrariamente a um projeto de sua autoria. Por esse caso, ele recebeu pena de prisão em maio de 2022, que foi substituída por prestação de serviços à comunidade.
O Ministério Público de São Paulo acionou a Justiça contra Amadeu, e Conib e Fisesp, entidades representativas da comunidade judaica, atuaram como assistentes de acusação.
No processo, Amadeu disse que pediu desculpas a associações e federações judaicas e que enviou o áudio em um momento em que morriam muitas pessoas nos hospitais de campanha da Covid-19 e ele considerava que as condições de tratamento deveriam ser melhores.
No ano passado, a Justiça condenou o vereador à perda de função pública, reclusão de dois anos e seis meses em regime aberto e pagamento de multa de 13 salários mínimos pelas ofensas que proferiu à comunidade judaica em 2020.
Em nota, a campanha à reeleição do prefeito afirma que Amadeu “faz parte da ampla aliança de 12 partidos que apoia a candidatura de Ricardo Nunes e busca um novo mandato de forma legítima”.
“Cabe à Justiça Eleitoral avaliar se os candidatos cumprem os requisitos necessários para disputar a eleição, não ao prefeito”, completa.
No contexto da guerra Israel-Hamas, o concorrente de Nunes na disputa pela Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), é quem costuma ser alvo de pressão, críticas e fake news sobre o tema.
Em 2023, por exemplo, o ex-secretário estadual de Saúde Jean Gorinchteyn deixou a campanha após pronunciamento do psolista que não mencionava ou repudiava o Hamas. Pressionado, ele fez um novo discurso em que mencionou o grupo terrorista, sem qualificá-lo, e também repudiou a violência de Israel contra os palestinos. Nunes já se referiu a Boulos como “amigo do Hamas”.
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