Articulação para tentar tirar deputado da cadeia foi liderada pelo PL, partido do ex-presidente
Flávio Bolsonaro deu sua palavra. “Eu não defendo milícia. Nunca defendi”, disse na segunda-feira, em entrevista ao programa Roda Viva.
O senador já empregou a mãe e a mulher de um dos mais famosos milicianos do estado. Ainda foi à cadeia condecorá-lo com uma moção de louvor por “dedicação, brilhantismo e galhardia”.
Como deputado estadual, ele defendeu a legalização dos grupos paramilitares que impõem o poder pelo medo. Alegou que o Estado não teria condições de garantir a segurança em todas as favelas do Rio.
Seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, nunca fez questão de esconder a simpatia pelos bandos armados. “Naquela região onde a milícia é paga, não tem violência”, declarou o capitão. A frase é de fevereiro de 2018, quando ele já rodava o país como pré-candidato ao Planalto.
Questionado sobre a aliança de longa data, Flávio alegou no Roda Viva que os milicianos de hoje seriam piores que os de ontem. “A pessoa era uma coisa e depois muda. Eu tenho que ser responsabilizado por isso?”, perguntou o Zero Um.
A resposta foi dada dois dias depois, no plenário da Câmara.
De 513 deputados federais, 129 votaram a favor de soltar o colega Chiquinho Brazão, apontado como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco. O cordão da impunidade foi puxado pelo PL, partido do capitão e dos filhos.
Em vídeo para as redes sociais, o deputado Eduardo Bolsonaro conclamou os aliados a se unirem para libertar o acusado de duplo homicídio. A causa mobilizou toda a bancada bolsonarista, do general Eduardo Pazuello ao delegado Alexandre Ramagem.
Ao pedir a prisão preventiva de Brazão, a Procuradoria Geral da República afirmou não ter dúvidas do seu envolvimento com a milícia, em “cogestão ilícita” de bairros e favelas cariocas.
Na próxima entrevista, o Zero Um repetirá que não defende a milícia. Nunca defendeu.