O aumento de preços dos alimentos tem beneficiado as empresas de carne do Brasil, à medida que barreiras comerciais são levantadas, e os fornecedores domésticos continuam tendo acesso a grãos usados como ração animal. Isso é o que diz, nesta quinta-feira (28), a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).
O presidente da entidade, Ricardo Santin, comemora a recente autorização do Canadá para compra de carne suína brasileira. Ele avalia que o país vai poder vender uma maior variedade de cortes suínos, para Coreia do Sul, Japão e Chile, quando forem concluídas as negociações para a remoção de mais algumas barreiras sanitárias, que ainda travam a ampliação desses mercados.
“Muitos grandes fornecedores globais [de carne] não têm certeza de onde obterão grãos, e a que preços”, afirma Santin, em referência aos efeitos da guerra na Ucrânia, que atrapalhou o comércio mundial de grãos e o fornecimento de gás natural da Rússia para a Europa.
Para ele, os processadores de carne brasileiros, como BRF e JBS, podem aumentar a oferta e exportar mais para o Oriente Médio e para a Ásia.
Santin também destaca que, embora a China tenha comprado menos carne suína em 2022, o país continuará importando cerca de 3 milhões de toneladas por ano. Isso é mais do que o dobro do que era adquirido antes do surto de peste suína africana, em 2018.
As empresas brasileiras devem aumentar a produção de carne suína em até 5% este ano, e em até 3% no próximo. Nas projeções mais otimistas, a produção brasileira de carne suína deve ser de 5,1 milhões de toneladas em 2023. Hoje, o Brasil responde por quase 11% do comércio global da proteína.
A produção brasileira de carne de frango deve atingir entre 14,35 milhões e 14,50 milhões de toneladas em 2022, ante 14,33 milhões registradas no ano passado, segundo projeções da ABPA.
Para o ano que vem, a produção dessa proteína poderá crescer até 4,5%, de acordo com a entidade, o que significa um crescimento até 15 milhões de toneladas em 2023.
O Brasil é o maior fornecedor de carne de frango do mundo, e envia cerca de um terço de sua produção para o exterior, lembra Santin. Os embarques das processadoras devem alcançar entre 4,7 milhões e 4,9 milhões de toneladas neste ano, contra 4,61 milhões em 2021, segundo dados da associação.